Aproximação ao Apocalipse (22)


O TRONO E OS VINTE E QUATRO ANCIÃOS



“2 Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado; 3  e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda. 4  Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro”. Ap. 4:2-4.


PANORAMA DAS SEÇÕES


Com a ajuda do Senhor vamos continuar o estudo do livro do Apocalipse. Hoje começamos uma nova seção. A primeira seção ia do capítulo 1 até o capítulo 3. 


No capítulo 1 está o referente às coisas que viu; ou seja, a glorificação do Senhor Jesus; o Cristo glorificado. Logo as coisas que são, referindo-se à história da igreja profetizada em Apocalipse 2 e 3, na mensagem às sete Igrejas. A partir do capítulo 4 muda a cena. No capítulo 4 nos é aberto o cenário dos céus; é pedido ao apóstolo João que suba, e ele sobe em espírito, porque as coisas de Deus só podem ser conhecidas ou percebidas no espírito; então ele sobe no espírito. Também, quando o apóstolo Paulo foi levado ao terceiro céu, ele não estava seguro se tinha sido no corpo ou no espírito, mas temos a certeza de que foi no espírito; agora, se também seu corpo foi levado ou não, Paulo não sabe e esse registro de não saber foi inspirado, Mas vamos deixar Paulo com sua experiência; mas aqui sim, aqui diz que João subiu no espírito e viu uma cena celestial; então ele começou a ver as coisas do ponto de vista de Deus, como são as coisas no céu e como do céu se governam as coisas da terra; ou seja, o céu governa  a terra.


Aqui começa a seção que vai do capítulo 4 onde nos mostra o trono de Deus com algumas coisas específicas que aparecem ao redor do trono, como revelações do que está ali. No capítulo 5 nos mostra também o Cordeiro no trono; primeiro tinha visto Deus o Pai, e a própria Trindade, mas em Sua divindade exclusivamente; já no capítulo 5 aparece o Cordeiro no trono; e no capítulo 6 começa a abrir os selos; e no capítulo 8 chega-se ao sétimo selo; e durante o sétimo selo se anunciam as sete trombetas; ou seja que há uma continuidade dos selos com as trombetas; e a última trombeta termina no capítulo 11. Logo nos capítulos 12 e 13 em diante, profetiza-se outra vez o que se profetizou; ou seja, no final do capítulo 10, vocês perceberão o que diz o versículo 11: “É necessário que profetize outra vez sobre muitos povos, nações, línguas e reinos”; ou seja, Apocalipse até o capítulo 10 tinha sido uma primeira profecia abrangendo muitos povos, nações, línguas e reinos; mas é dito que é necessário que se profetize outra vez. Então, termina com a sétima trombeta, o contexto do capítulo 11, e começa a profetizar outra vez dos capítulos 12 e 13 em diante; e a continuidade das trombetas se dá então com as taças. Quando vocês comparam as taças com as trombetas, perceberão que as trombetas são um início dos julgamentos, e as taças são uma terminação dos julgamentos. As taças vêm das trombetas e as trombetas provêm dos selos, e os selos se abrem do trono.


Então, vemos aqui a administração celestial do reino de Deus e também do julgamento de Deus. Nesta passagem, no capítulo 4, nós começamos a ver algo que em outras passagens nos diz de maneira resumida; aqui em Apocalipse está de maneira detalhada; mas para poder entender os aspectos detalhados, devemos primeiro ver os aspectos sintéticos; quer dizer, quando Deus falou uma profecia de maneira resumida que contém todas as coisas em poucas palavras, logo, Deus desenvolve essa mesma profecia de uma maneira mais ampla em outras profecias, até que no Apocalipse se culmina toda a profecia; mas então, para poder entender a culminação plena da profecia de Apocalipse, devemos primeiro ver essas mesmas visões resumidas quando começaram a ser introduzidas nos profetas anteriores.


DOMÍNIO DO MESSIAS


Então, para entender esta seção do capítulo 4 de Apocalipse, o 5, os selos, a abertura dos selos, etc., vamos ao livro dos Salmos e vamos ver ali o Salmo 110, que é chave. O Salmo 110 é um Salmo de Davi. Davi, pelo Espírito de Cristo, como figura do Messias, ele faz este Salmo de uma maneira profética; este é um Salmo messiânico por excelência. Podemos dizer que toda a história que termina no Apocalipse está resumida no Salmo 110. Vamos fazer uma primeira leitura do Salmo 110 como base para o Apocalipse, porque as coisas que se irão se desenvolver depois nas epístolas e no Apocalipse têm sua base nesta profecia messiânica.  Salmo de Davi. “1 Disse o SENHOR ao meu senhor (o Pai ao Filho): Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”.  Fixem-se nesta primeira profecia. Quando o Filho sobe depois de ter morrido na cruz e ressuscitado e a ascensão à destra do Pai, para que ascende? Para quê o Filho se apresenta no trono? Para quê se senta à destra do Pai? Isso é o que vai explicar o programa que se desenvolve em Apocalipse. Aqui nos diz: “Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”. Deus deu o julgamento e o trono a seu Filho; diz-lhe: “Assenta-te”; e o que o Pai vai fazer com o Filho à Sua destra? O que vai fazer na terra? Deus vai começar um trabalho agora desde a ascensão. Houve um trabalho na criação, houve um trabalho na revelação, houve um trabalho na encarnação, houve um trabalho na crucificação, mas agora ressuscitou e ascendeu, e contínua o trabalho de Deus. O inimigo já foi vencido na cruz; então, agora o diz: Filho, sente-se, que você merece, você é digno de receber a honra, a glória e o poder; mas há outros que agora levam a glória, há outros que agora levam o louvor, há outros que agora levam o poder; eles são seus inimigos, eles querem reinar, mas não com você. Como a parábola que o Senhor Jesus disse, daquele rei que foi para longe (isso é à destra do Pai) a receber seu reino e deixou uns talentos e umas minas à seus servos para que trabalhassem, e depois de receber o reino, ele veio outra vez e pediu conta a seus servos e aos que não queriam que ele reinasse, que ele fosse o cabeça, por querer ser eles mesmos o cabeça, disse: decapitem diante mim. Tirou a cabeça daqueles que pretendiam ser cabeças. Desde a ascensão de Cristo, Deus não tolera outra cabeça, somente Filho Jesus Cristo; seu Filho Jesus Cristo é o rei que o Pai pôs não só sobre Sião e não só sobre a igreja, mas também, Ele é o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, o Soberano dos reis, dos senhores, dos céus e da terra. Quando Jesus ascendeu, disse: Toda potestade me é dada nos céus e na terra.


Há um trabalho que Deus está realizando desde a ascensão de Cristo, e esse trabalho é: submeter sob os pés de Cristo todos os inimigos; e Ele faz da maneira que vai desenvolver no livro dos selos. Primeiro, o evangelho vai sendo levando às pessoas, a salvação, e as pessoas vão se submetendo a Cristo; mas aos que não recebem a salvação, então lhes sobrevém o juízo de Deus, vem guerra, vem fome, vem a morte, vem o Hades; porque Deus disse: Filho, assenta-te à minha destra até que eu ponha a todos seus inimigos debaixo de seus pés. Devemos entender a parte atual do programa de Deus. Agora, o Filho já está sentado à direita do Pai, e o que o Pai está fazendo é expor publicamente Seus inimigos, submetendo-os a Cristo. Percebam o que aconteceu na história. Quantos se levantaram contra o cristianismo, mas caíram; levantaram-se outros, mas caíram; levantaram-se outros, mas caíram; quase que o último que se levantou recentemente foi o comunismo, mas também caiu. Deus está submetendo todas as nações sob os pés de Cristo. Os que recebem o Senhor entram no Seu reino, e os que o recusam entram em Seu juízo. O que se desenvolve no Apocalipse é o que neste versículo está resumido em uma frase: “Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés” Isso é o que Deus está fazendo agora, seu Filho já está à direita do Pai: pondo seus inimigos por estrado de Seus pés. Primeiro, nós mesmos éramos inimigos, mas nós viemos a Seus pés, por Seu amor, por Seu sangue; mas os que não vêm pelo Seu sangue e por Sua graça, virão por Seu julgamento.


SALMO SÍNTESE DO APOCALIPSE


Salmo 110: “2 O SENHOR enviará de Sião o cetro do seu poder; (notem  que de Jerusalém se anunciou o primeiro evangelho e também, no final, todas as nações virão contra Jerusalém e o julgamento sobre as nações virá por causa do peso de carregar a Jerusalém) dizendo: Domina entre os teus inimigos (diz ao Filho). 3 Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo (aleluia! nós somos este) no dia do teu poder; com santos ornamentos, como o orvalho emergindo da aurora (do começo) serão os teus jovens  (esta é a ressurreição). 


4 O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque (vemos aqui o rei e sacerdote). 5 O Senhor, à tua direita, no dia da sua ira, esmagará os reis.

6  Ele julga entre as nações; enche-as de cadáveres; esmagará cabeças por toda a terra. (O que diz do Messias?) 7 De caminho, bebe na torrente e passa de cabeça erguida”. Todas as cabeças que se levantaram, cairão; mas aquele que se humilhou como Jesus, com os pobres, a vida dos pobres, que bebeu do arroio do caminho, não em taças de ouro nos palácios; da torrente, a esse, Deus levantará a cabeça, a esse fará Senhor; e aos que se fizeram grandes, os humilhará. Então, irmãos, este Salmo é a síntese de todo o Apocalipse, do negócio que começa aqui em Apocalipse 4 a ser revelado. Em Apocalipse 4 e 5 aparece a chegada do Filho do Homem à direita do Pai, a receber o direito de abrir o livro; ou seja, o programa de Deus, e nesse programa vemos de que maneira Deus submete todas as coisas a seu Filho.


Em 1 Coríntios 15:25-28 também se explica em poucas palavras o mesmo que diz o Salmo 110, que se desenvolve em Apocalipse capítulo 4. Diz Paulo, o apóstolo dos gentios, pelo Espírito Santo, em 1 Coríntios 15:25: “25 Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés.26  O último inimigo a ser destruído é a morte.27  Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente, exclui aquele que tudo lhe sujeitou. 28  Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas o sujeitou, para que Deus seja tudo em todos”. Aqui também nestes poucos versículos do 25 ao 28, o apóstolo Paulo está resumindo o que Deus está fazendo agora. É preciso que Ele reine; já reina, está governando as circunstâncias do mundo, Ele já está governando, nada escapa do controle de Sua mão. Toda potestade, disse Ele, Foi me dado nos céus e na terra; não importa o que nós estamos vendo; devemos entender que o que está acontecendo está sob o controle de Deus; Deus está levando o mundo aos pés de Cristo; isso é o que está acontecendo. Não importa o quão terríveis sejam as coisas que acontecem, Deus sabe o que tem que fazer para estabelecer Seu Filho; Ele já está reinando, mas agora há um processo; o processo é primeiro com a Igreja; depois o milênio e logo o novo céu e a nova terra, depois de lançar a Satanás e aos seus no lago de fogo. Lá na Nova Jerusalém, Deus será tudo em todos; é o processo da ascensão; preciso é que reine. Preciso é que reine até a restauração de todas as coisas, como diz Pedro, para que venham tempos de refrigério. Estas palavras aqui se referem também ao Salmo 110. Vocês podem olhar outras passagens em outros lugares; por exemplo, no final de Marcos, no final de Lucas, onde diz que o Senhor subiu, reinou, sentou-se à destra do Pai, tudo isso apoiado no Salmo 110; onde fala da ordem de Melquisedeque, é explicado na epístola aos Hebreus; mas então agora sim, com este ponto de vista, com esta visão geral, passemos a seu desenvolvimento mais minucioso em Apocalipse 4.


O TRONO DE DEUS


O livro do Apocalipse completa a revelação; ou seja, as coisas que se iniciaram antes, em outras porções da Bíblia, têm sua terminação no Apocalipse; mas era necessário ver pelo menos essas duas passagens do Salmo 110 e 1 Coríntios 15, pelo menos do 25 aos 28, para  que possamos perceber que isso é o que está acontecendo, que isso é o que está se desenvolvendo nestes capítulos que vamos entrar neles, pouco a pouco, 4, 5, 6, 7, 8 que são os selos, os quais continuam com as trombetas. A primeira coisa que se revela no céu, é que há autoridade. Vamos, pois, fazer uma leitura rápida de todo o capítulo 4, embora possa não haver tempo para considerarmos todos os detalhes hoje; mas façamos inicialmente a leitura rapidamente para ver a cena celestial. Façamos a leitura inicial e logo voltamos sobre nossos passos, verso por verso. Apocalipse 4:1-11: 


“1 Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas. 2  Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado; 3  e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda. 4  Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro. 5  Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus. 6  Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. 7  O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando. 8 E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir. 9  Quando esses seres viventes derem glória, honra e ações de graças ao que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos, 10  os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando: 11  Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas”.


Olhando este capítulo “à vôo de pássaro”, a vôo panorâmico, vemos que a esfera celestial provém da eternidade, provém de Deus como o Criador. Aqui Deus é adorado por suas criaturas celestiais como Criador. No capítulo 5 é adorado por Redentor, mas no capítulo 4 Deus é adorado como o Criador; e aqui nos começa a revelar, a descrever com alguns detalhes todos significativos; porque não existem utensílios inúteis no céu; inclusive os homens querem dar sentido aos utensílios e aos símbolos; tudo o que está aqui revelado, reflete coisas que se revelam da parte de Deus; não são somente coisas que não têm sentido; todas têm sentido.





UMA PORTA ABERTA NO CÉU


Diz aqui o 4:1: “Depois destas coisas, olhei”; não está dizendo que o trono começa quando João olha, não; João ouviu primeiro a Voz, e quando ele ouviu a Voz como de trombeta, voltou-se e viu os sete candeeiros de ouro e o Filho do Homem no meio dos candeeiros; foi a primeira cena que ele viu; mas logo esta mesma Voz, ou seja, a voz como de trombeta, do Filho do Homem, que falou lá no princípio, na visão de Cristo glorificado do capítulo 1, diz que foi uma  voz como de trombeta que lhe falou; e quando ele se voltou para ver a Voz que falava, viu os sete candeeiros e o Filho do Homem no meio dos candeeiros. João viu as coisas do reino de Deus como estão se desenvolvendo

 na terra desde que o Senhor ascendeu, e viu a história da Igreja; mas agora o Senhor quer lhe mostrar o outro lado do pano de fundo, agora vai mostrar o que acontece nos céus. 


“Depois destas coisas, olhei”. Existem alguns intérpretes que, com um pensamento já pré-concebido, lêem neste texto mais do que está escrito. Sempre que as pessoas têm uma idéia pré-concebida a aplicam ao texto; mas nós devemos permitir que seja o próprio texto que nos dê a idéia; nunca devemos ler um texto com uma idéia pré-concebida, mas devemos ler o texto para ver o que diz; porque se não, vamos fazer o texto dizer mais do que diz. Alguns vêem aqui na ascensão de João, o arrebatamento da igreja; mas é curioso que o arrebatamento da igreja é visto aqui antes que Cristo receba o livro dos selos e antes que o cavalo branco e outros comecem a cavalgar; então como pode representar o arrebatamento da igreja? Aqui somente é uma experiência particular de João; aqui não fala do arrebatamento da igreja; aqui fala de algo que aconteceu a João: “olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu”. Não é a única vez que aparece uma porta aberta no céu. 


Quando Jacó estava aqui na terra também viu uma porta aberta no céu. Isaías viu uma porta aberta no céu e viu o Senhor em um trono. Ezequiel também viu visões de Deus, da glória de Deus. 


Estevão, quando estava sendo apedrejado, viu o céu aberto; Paulo também foi arrebatado ao terceiro céu, ao Paraíso. O próprio Senhor Jesus disse que a Igreja veria uma porta aberta; disse: Natanael, daqui em diante verá um céu aberto e anjos que sobem e descem sobre o Filho do Homem; de modo que uma abertura no céu não significa necessariamente o arrebatamento; deve se examinar todas as vezes que uma porta aberta aparece na história sagrada, a Bíblia, para nos dar conta de que pode se referir ao arrebatamento ou não. Eu pessoalmente não acredito que aqui se refira ao arrebatamento. “eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta, (a mesma que o chamou quando viu os candeeiros e o Filho do Homem) ao falar comigo, (é algo particular com João) dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas”.



ASPECTOS NA DESCRIÇÃO DE DEUS


O Apocalipse revela as coisas que são, as que foram antes e as que têm que ser depois. As que foram antes, é Cristo glorificado; as coisas que são, é o desenrolar da história da igreja, e as que serão é a culminação do programa de Deus, revelado no trono. Claro que o trono revela o processo e a culminação; as coisas que serão se refere à culminação, mas claro que o Senhor apresenta a culminação entendida depois do processo e revela todo o processo até a culminação; então, essa culminação é a que se resume nestas palavras “as coisas que acontecerão depois destas. (quando diz: “estas”, está contando toda a história da igreja e a experiência do trono. Ele  já está vendo o trono, e depois do trono ele vai ver a administração da economia divina, o reino de Deus do trono; as coisas que serão depois destas) “2 Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis (o primeiro que se vê no céu, o que mais chama a atenção, é o trono e o que está sentado no trono; porque será que a nós, às vezes, quando nos aproximamos do Apocalipse, ficamos interessados em assuntos como: os dez chifres da besta, a cauda do dragão, uma série de coisas que não são as mais importantes?) armado no céu um trono”; como disse o Senhor Jesus: Seja feita a sua vontade aqui na terra como se faz no céu. No céu se faz a vontade de Deus; no céu o trono de Deus está estabelecido; no céu quem governa é Deus; a vontade que se realiza no céu é a de Deus; então isso é o primeiro, a parte central de toda a Bíblia, tudo se culmina neste trono; “armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado”. Este trono é o de Deus e este que está sentado no trono, é Deus. Logo começa a tratar de descrever, porque logicamente para poder conhecer a plenitude será preciso de uma eternidade conhecendo, mas ele vê o aspecto, a parte que ele pôde ver, mas como disse o Senhor: a vida eterna é que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste; mas aqui o primeiro aspecto que ele viu, é que Deus está se revelando a João e para nós, e se revela com um aspecto; e cada detalhe desse aspecto representa algo importante de Deus; é um aspecto, Deus é semelhante a; é uma linguagem de Deus para falar de si mesmo a nós. Quem é Deus? Como é Deus? Diz: “3 e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio”. Primeiro detalhe: Deus é descrito ali, não que Ele seja uma pedra, mas seu aspecto semelhante; uma pedra revela os raios da glória. Aqui aparece uma pedra em dois sentidos: pedra semelhante a jaspe e semelhante a sardônio. Quando você faz a análise destas pedras na Bíblia, você percebe que o jaspe e o sardônio simbolizam a Deus, respectivamente, como o primeiro e o último.


No original grego o que é traduzido aqui como cornalina é sardônio, não sardônica, que é outra pedra, mas sardônio; no grego diz jaspe (iaspidi), e sardio; algumas traduções falam de sardio; em outras passagens aparece a palavra sardônio; aqui em reina valera o tradutor pôs cornalina; a palavra exata é sardio. Por que é importante ter em conta a palavra exata? Porque as pedras aparecem com significado espiritual na Bíblia. Por exemplo, no peitoral do sumo sacerdote aparecia o jaspe e aparece o sárdio e apareciam outras pedras também, o ônix, etc.; essas pedras apareciam representando as tribos de Israel; e é curioso que quando você vai no livro de hebreus, verás que a primeira pedra e a última pedra eram justamente, jaspe e sárdio; ou seja, é como se Deus estivesse dizendo: eu sou o Primeiro e eu sou o Último; eu sou o Princípio e eu sou o Fim; eu sou o Alfa e eu sou a Ômega; tudo é de mim, por mim e para mim; isso está revelado no jaspe. Alguns dizem que o jaspe da época não é o que hoje chamam de jaspe; que alguns têm posto nome moderno, trocaram de nome, e que quando você estuda as pedras modernas, o jaspe parece uma pedra que não é cristalina, não é transparente; o que antigamente se chamava jaspe, é o que hoje alguns chamam de diamante; que era verde, que era uma pedra das mais preciosas que reflete a cor verde que é a cor da vida; e o sárdio é uma pedra que reflete a cor vermelha, a cor da redenção; ou seja que aqui Deus está se revelando como o Criador e o Redentor, como uma pedra; quer dizer, como algo sólido; quando há algo sólido que quer revelar, é escolhida uma pedra preciosa que passou pelas piores pressões e mantém a melhor beleza. Jaspe e cornalina; realmente poderia ser como o que hoje se conhece como: diamante e rubi; mas a palavra original dessa pedra é jaspe; então vamos dizer  jaspe porque na Bíblia se chama jaspe e sárdio, em vez de cornalina ou rubi. Então essas pedras apareceram já em primeiro e último lugar entre o povo de Israel; já apareceram representando ao primeiro e ao último, a vida, a redenção, a criação, a salvação, o que Deus é. Para falar de si mesmo Ele se apresenta como essa pedra; esse era um aspecto; em aspecto semelhante a, é um símbolo que Deus está utilizando para explicar algo a respeito de si mesmo. Que coisa interessante estas pedras! Jaspe e sárdio; aparece ali Deus falando do Primeiro, do Último, do Princípio, do Fim. Amém! do Alfa, do Ômega, do Criador, do Salvador, de que é o Rei e Dono de tudo. Tudo é Dele, por Ele e para Ele.


O ARCO ÍRIS E O CARÁTER DE DEUS


A segunda coisa revelada neste trono é algo muito precioso, mais importante que todas as outras coisas: “e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda”. O trono tinha um arco íris ao redor. A primeira vez que aparece o arco íris é no livro de Gênesis, depois do dilúvio, e aparece como um sinal de que Deus não destruirá a terra outra vez com um dilúvio de água; por isso é que depois será destruída com fogo, não com água. O arco íris reflete o pacto de Deus, reflete a fidelidade de Deus. Deus é o primeiro, Deus é o último. Alguns poderiam dizer: Bom, certo, Deus criou tudo e tudo é para Deus; e se Deus fosse mau, e se Deus criasse às criaturas para brincar com elas e fazer delas algo; mas aqui Deus revela algo mais, revela Seu caráter, revela Sua fidelidade. 


“ao redor do trono, há um arco-íris”. Quando os homens vêem o arco íris lembram-se desse caráter fiel de Deus. Deus é um Deus que faz pacto, Deus é um Deus que entra em contato, em comunicação com suas criaturas e é fiel à suas criaturas; Deus não é alguém arbitrário que nos vai surpreender com uma questão, que vamos ser enganados por um Deus arbitrário que fez de nós como  bonecos de trapo, que nos atira para cima e para baixo, não; Deus não é assim; Deus é um Deus que é fiel à suas criaturas; é um Deus que faz promessas e cumpre essas promessas; é um Deus bondoso. Quando nós vemos o arco íris nos lembramos que Deus o pôs para mostrar Seu amor, Sua misericórdia, Sua fidelidade; é um Deus que faz pactos; ou seja, é um Deus que gosta de ser fiel; é um Deus que é leal; então Ele não só é o poderoso; o poderoso nos fala de sua soberania, mas o arco íris nos fala de seu caráter. Às vezes, quando na teologia se considera a soberania de Deus, caso não se considere junto com o caráter de Deus, podemos apresentar uma imagem de um Deus arbitrário; às vezes se tomam uns versículos da Bíblia que falam da soberania, mas deixam de lado outros versículos que falam de seu caráter, e de sua maneira de relacionar-se soberanamente com suas criaturas em pacto, em aliança, deixando lugar a suas criaturas e responsabilidade a suas criaturas. Claro que Ele é soberano; Ele poderia criar uma criatura para fazê-la sofrer simplesmente, mas esse não é seu caráter; se alguém sofre é por seu próprio pecado; é a justiça de Deus a que faz que o pecado se torne sofrimento para detê-lo, para pará-lo, para lhe dizer: até aqui, basta!


A PREDESTINAÇÃO


O que aconteceu na teologia? Por exemplo, a predestinação. Na Idade Média Gotescaldo havia falado da predestinação e o encerraram em um monastério para que não falasse mais; na época da Reforma João Calvino ensinou outra vez o tema da predestinação; as pessoas se perturbavam com este tema da predestinação porque alguns imaginam a predestinação em um sentido que foi chamado depois “hipercalvinista” ou “supralapsário”, vou explicar o que isso quer dizer. Quando Calvino morreu, na Faculdade de Genebra, onde ele tinha a cadeira de teologia, foi sucedido por  Teodoro Bessa. Teodoro Bessa, que era um discípulo de Calvino, levou o tema da predestinação que Calvino havia tornado a trazer à mesa de discussão. Paulo foi quem tratou sobre isso, na Bíblia; depois, Agostinho de Hipona tratou disso, Gotescaldo também e depois Calvino; mas então Teodoro Bessa elevou ao extremo o assunto da predestinação. Dentro das doutrinas da predestinação há uma que se chama “supralapsária” e outra que se chama “infralapsária”. Vou explicar estes dois termos porque este arco íris dá razão aos infralapsários e não aos supralapsários. 


Dentro da teologia da predestinação, o que quer dizer os termos supralapsários ou infralapsários? De onde vem essa palavra supra, infralapsário? Vem da palavra “lapso”; um lapso é uma queda; “supralapsário”, quer dizer, antes da queda; “infralapsário” quer dizer, depois ou debaixo da queda do homem. Os supralapsários, ou chamados hipercalvinistas, dizem que antes da queda, Deus planejou ou predestinou a queda para que se condenassem algumas criaturas; ou seja, algumas criaturas foram predestinadas para cair e perecer; essa é a maneira como Teodoro Bessa apresentava a predestinação; ou seja, ele apresentava uma predestinação supralapsária, por cima da queda. A queda foi planejada por Deus para que algumas criaturas se perdessem; isso é a teoria da predestinação do Teodoro Bessa. Contra ela, não contra Calvino, contra Teodoro Bessa grossa e seu hipercalvinismo reagiu Armínio. Na Holanda, na cidade de Amsterdam e em outra cidade, de Rotterdam, uns eram calvinistas e outros eram arminianos. Armínio reagiu contra o hipercalvinismo supralapsário de Teodoro Bessa; então por isso surgiu o combate entre os calvinistas e os arminianos; mas na realidade não eram calvinistas, eram teodorobessistas; então, na cidade do Dort (ou Dordrecht) na Holanda se fez como espécie de um concílio para tratar esse tema; mas os hipercalvinistas, antes que viessem os arminianos, eles, em um concílio prévio, estabeleceram cinco pontos do hipercalvinismo que são: 1) a condição depravada do homem, 2) a eleição incondicional, 3) a expiação limitada, 4) a chamada eficaz do Espírito Santo ou a graça irresistível, 5) a perseverança dos Santos. Nesses pontos eles expressavam a predestinação supralapsária; então antes que chegassem os arminianos, eles assinaram os cânones hipercalvinistas de Dort; e os outros protestaram e se chamaram os remonstrantes, onde não recusavam a predestinação, mas a interpretação da predestinação como a apresentada por Teodoro Bessa e os cânones de Dort. Até hoje essas coisas se discutem.


Agora, por que toquei esses assuntos aqui? Porque estamos vendo o trono de Deus, o Deus que é Senhor, o Deus que é o princípio e o fim das criaturas; se virmos somente sua soberania, não estamos vendo um engano porque sua soberania é verdade; Ele é soberano, tudo é Dele, por Ele e para Ele, e Ele faz as coisas que Ele quer; mas Ele não só revelou que é soberano; Ele também revelou seu caráter; Ele em sua soberania é justo, Ele em sua soberania é misericordioso, Ele em sua soberania é leal com suas criaturas, Ele em sua soberania outorga responsabilidade às suas criaturas, Ele em sua soberania permite que suas criaturas tomem decisões e se façam responsáveis por elas; Deus não os obriga a ir a juízo sem primeiro lhes dar a responsabilidade de escolher esse juízo. Então, esse caráter de Deus, onde se vê a fidelidade de Deus, onde se vê a lealdade de Deus, onde se vê a relação justa, misericordiosa, cheia de graça e lealdade que Deus tem com suas criaturas, isso é o caráter de Deus, que equilibra sua soberania. Não negamos que Deus é soberano, mas sua soberania é exercida segundo o caráter misericordioso, justo, bom. Deus é soberano, tem direito a tudo, mas Ele não se revelou como arbitrário, Ele não é arbitrário em seu caráter; é soberano, mas não arbitrário. É soberano mas é leal, é soberano mas é fiel; é soberano mas é misericordioso; é soberano mas é justo; é soberano mas em relação com suas criaturas, não fica ali omisso, o soberano, mas Ele quis ter criaturas, ter relação com as criaturas, amar essas criaturas, fazer-se um com essas criaturas, dar Sua vida e que elas vivam para Ele. Isso é o que revela este arco íris aqui ao redor; não é uma coisa pequena o que este arco íris revela. O aspecto da pedra de jaspe e de sardônio reflete sua soberania. Tudo é Dele, por Ele e para Ele; Ele é o primeiro e o último; Ele é quem tem direito de dar a última palavra e todas as coisas são para Ele; e até se alguém sofre, sofre-se para Ele; e se houver inferno, há para que sua glória, sua justiça e sua santidade sejam vindicadas; mas junto com sua soberania existe seu caráter, e por isso ao redor do trono há um arco íris; e o que o arco íris fala de Deus? Fala precisamente de seu caráter. 


Todas as criaturas do céu e da terra ao verem o arco íris ao redor do trono de Deus, vêem que Ele pôs o arco íris para falar de sua fidelidade e de sua lealdade; então quando vemos o arco íris nos damos conta de que Deus tem um caráter bondoso, misericordioso, justo, leal, fiel e verdadeiro; disso nos fala este arco íris precioso; não é somente um adorno luminotécnico, não, é algo precioso. “e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda”. Também a esmeralda; aqui na Colômbia temos muitas; é uma pedra preciosa também verde; a cor verde é a cor da vida, é a cor das plantas, é a cor da energia do sol sendo preparada para nosso uso; a clorofila, que é a que dá a cor verde às plantas, cumpre essa função; absorve a energia do sol e a transforma para que se converta em energia útil para nós. Então o aspecto do arco como esmeralda, quer dizer que Deus se dispensa a nós; é a energia que nos dá vida .


UMA ELUCIDAÇÃO TEXTUAL


“4 Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro”. Aqui aparece uma câmara de vereadores, ou uma espécie de concílio celestial. Aqui aparecem vinte e quatro criaturas. Vou fazer uma elucidação no capítulo 5 que depois veremos, mas é necessário fazer essa elucidação agora, porque esta tradução que estamos usando, Reina-valera, tem um engano neste ponto e por causa desse engano de tradução se atribuiu a interpretação dos vinte e quatro anciãos a pessoas humanas; alguns dizem que são os doze apóstolos, e os doze filhos de Israel, mas isso não é correto.  vamos fazer a correção nesta tradução; no capítulo 5:8-10 nesta tradução, assim: “8 e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos,

9  e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os (aqui diz  “nos ( na reina valera diz “nos”)”, como se eles estivessem incluídos na redenção do sangue de Cristo. Quanto você vai ao grego, ali aparece a partícula autou ou seja, “eles”, “os”, a eles, não a nós) os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação10  e para o nosso Deus os (não “nos”) fez para nosso Deus reino e sacerdotes, e reinarão (não diz “reinaremos) sobre a terra”. Estas criaturas celestiais estão falando a respeito dos redimidos; esta tradução Reina Valera não é exata; o grego diz: redimiste-os, tem-nos feito reino e sacerdotes, e reinarão sobre a terra. Qualquer irmão tem acesso lá na biblioteca para ver os originais no grego e ver várias edições de vários escritos, de distintas fontes, e ver exatamente que isto que estou dizendo é verdade; mas já disse ao início deste estudo de Apocalipse que Erasmo tinha só um manuscrito tardio do Apocalipse, quando ele fez sua edição do Novo Testamento grego, inclusive incompleto, e era um texto de Apocalipse tardio da alta idade Média, já próximo ao renascimento, e esse foi o que usou depois o Textus Receptus, que  Casiodoro de Reina e Cipriano da Valera usaram em sua tradução e em sua revisão. Por isso aparece aqui essa tradução como uma tradução teológica; o tradutor tinha uma idéia e pôs sua idéia na tradução, não foi fiel ao texto; mas comparando todos os textos anteriores e mais antigos, e muitas versões atuais que se apóiam nos textos antigos, vocês vão ver que se refere “os redimiu, tem-nos feito reino e sacerdotes, reinarão sobre a terra” Isto era necessário esclarecer este ponto para poder interpretar corretamente estes vinte e quatro anciões. Estes vinte e quatro anciãos não são os apóstolos; um dos vinte e quatro anciões disse ao João: sabe quem são estes? Se João fosse um dos anciões, se fossem os apóstolos, como estaria um deles perguntando a João e este falando em um nível mais baixo que eles?


 Se um dos vinte e quatro anciãos pergunta a João, João está mostrando-se em um círculo diferente ao dos vinte e quatro anciãos; por isso estes vinte e quatro anciãos não são terrestres.


TRONOS AO REDOR DO TRONO


Em Colossenses capítulo 1, veremos uma passagem que nos ajudará. Colossenses 1:16: “pois, nele (em Cristo) foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, (notem: entre as coisas do mundo invisível ele menciona várias aqui: tronos) sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele”. Vemos que aqui entre os seres celestiais que têm autoridade delegada de Deus para governar no universo do mundo invisível, aparecem em primeiro lugar tronos; e em seguida diz domínios, e logo diz principados e logo diz potestades. Dentro da lista de tronos, domínios, principados e potestades, o contexto deste verso mostra que estes tronos são tronos celestiais, são tronos que há nos céus de criaturas celestiais; essas criaturas celestiais são os vinte e quatro anciãos que estão em vinte e quatro tronos; esses vinte e quatro tronos ao redor do trono de Deus, são estes tronos de Colossenses 1:16; claro que depois no reino vindouro os tronos serão para os redimidos. Os anciãos tiram suas coroas e as põem aos pés do Senhor; e o Senhor depois põe tronos e faz assentar nos tronos os vencedores; mas antes que haja vencedores, há esses 24 tronos; porque Deus não sujeitou o século vindouro aos anjos, mas à semente de Abraão; quer dizer, aos crentes em Cristo; essa é a verdadeira semente de Abraão; para eles são os tronos do século vindouro; os tronos do milênio são para os crentes. Dentro dos seres celestiais, existem várias categorias, há anjos, arcanjos, querubins de duas asas, seres viventes querubins de quatro asas, serafins de seis asas, e há também vinte e quatro tronos; estes vinte e quatro tronos refletem um sacerdócio angélico; ou seja, há sacerdotes dentre os homens, mas Deus também tem sacerdotes de entre os anjos. Por isso o número vinte e quatro aparece refletido no sacerdócio terrestre, porque as coisas celestiais se refletem nas naturais; por exemplo,  lembra como Deus falou a Moisés? Moisés, faz o tabernáculo conforme o modelo que te foi mostrado no monte. No monte foi mostrado a realidade, ele viu aquele ladrilhado, viu a glória de Deus, ele não viu um símbolo, ele viu a realidade, mas ele fez um modelo na terra. O que havia? Havia uma arca representando o trono, havia uns querubins, havia uns candeeiros com sete lâmpadas representando os sete espíritos; havia muito bronze representando o mar de cristal; ou seja, Moisés fez algumas coisinhas como modelo daquelas coisas lá; mas aqui havia um sacerdócio e vocês vão ver; e o curioso é que aparecem os dois no capítulo 24 de Isaías, e no capítulo 24 de 1 Crônicas; fala destes anciãos e destes vinte e quatro tronos sacerdotais.


TESTEMUNHAS DOS JUÍZOS DE DEUS


Em Isaías 24 é mencionado acerca de uns anciãos celestiais. Vamos ler rápido todo o capítulo 24 para ver o contexto no qual aparecem estes anciões: “1 Eis que o SENHOR vai devastar e desolar a terra, vai transtornar a sua superfície e dispersar os moradores.2  O que suceder ao povo sucederá ao sacerdote; ao servo, como ao seu senhor; à serva, como à sua dona; ao comprador, como ao vendedor; ao que empresta, como ao que toma emprestado; ao credor, como ao devedor.3  A terra será de todo devastada e totalmente saqueada; (é neste capítulo que fala do terremoto mundial) porque o SENHOR é quem proferiu esta palavra. 4  A terra pranteia e se murcha; o mundo enfraquece e murcha; enlanguescem os mais altos do povo da terra. 5  Na verdade, a terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto transgridem as leis, violam os estatutos e quebram a aliança eterna. 6  Por isso, a maldição consome a terra, e os que habitam nela se tornam culpados; por isso, serão queimados os moradores da terra, e poucos homens restarão. 7  Pranteia o vinho, enlanguesce a vide, e gemem todos os que estavam de coração alegre. 8  Cessou o folguedo dos tamboris, acabou o ruído dos que exultam, e descansou a alegria da harpa. 9  Já não se bebe vinho entre canções; a bebida forte é amarga para os que a bebem. 10  Demolida está a cidade caótica, todas as casas estão fechadas, (olhem, parecem campos de concentração agora) ninguém já pode entrar. 11  Gritam por vinho nas ruas, fez-se noite para toda alegria, foi banido da terra o prazer. 12  Na cidade, reina a desolação, e a porta está reduzida a ruínas. 13 Porque será na terra, no meio destes povos, como o varejar da oliveira e como o rebuscar, quando está acabada a vindima. 14  Eles levantam a voz, (os rebuscos, os que ficam) e cantam com alegria; por causa da glória do SENHOR, exultam desde o mar (este é o remanescente que sobrevive ao julgamento). 15 Por isso, glorificai ao SENHOR no Oriente e, nas terras do mar, ao nome do SENHOR, Deus de Israel. 16 Dos confins da terra ouvimos cantar: Glória ao Justo! (este é o Messias). Mas eu digo: definho, definho, ai de mim! Os pérfidos tratam perfidamente; sim, os pérfidos tratam mui perfidamente.

17  Terror, cova e laço (cuidem-se desse laço) sobre ti, ó morador da terra.

18  E será que aquele que fugir da voz do temor cairá na cova, e o que subir da cova, o laço o prenderá; porque as janelas do alto se abriram (Windows) e os fundamentos da terra tremem (ouçam, “tremem os alicerces da terra). 19 De todo será quebrantada a terra, de todo se romperá e de todo se moverá a terra  (não está falando de um terremotinho aqui e outro lá). 20 De todo vacilará a terra como o ébrio e será movida e removida como a choça de noite; e a sua transgressão se agravará sobre ela, e cairá e nunca mais se levantará. (Ouçam aqui:) 21 E será que, naquele dia, o SENHOR visitará os exércitos do alto na altura, (a queda de Satanás e seus exércitos à terra) e os reis da terra, sobre a terra (isso é puro julgamento de tribulação). 22 E serão amontoados como presos em uma masmorra, (aí está, atados na prisão mil anos) e serão encerrados em um cárcere, e serão visitados depois de muitos dias.23  E a lua se envergonhará, e o sol se confundirá quando o SENHOR dos Exércitos reinar no monte Sião e em Jerusalém; e, então, perante os seus anciãos haverá glória”. Esta profecia está mostrando que Deus fará julgamento, mas que esse julgamento que Deus fará e que começa a revelar-se desde Apocalipse 4 em diante, há uns que estão vendo isso, que são anciãos. “perante os seus anciãos haverá glória”. Aqui o Espírito de Deus revela que Deus tem uns anciãos diante dos quais Ele exerce julgamento.


Por favor, venham comigo a Mateus 5. Vamos ao Sermão do Monte. Vocês vão ver ali o que diz o verso 22: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo”. Vemos aqui que se fala de um concílio no julgamento dos irmãos, porque aqui está falando do irmão que diga a seu irmão tal coisa; fala de um concílio, amém. Agora, Isaías fala de uns anciãos ante os quais o Senhor será glorioso, e aqui aparece em Colossenses que há tronos celestes; e esses tronos são vinte e quatro; então fixem-se em que os vinte e quatro anciãos aparecem em Isaías 24.


EXERCENDO FUNÇÃO SACERDOTAL


Agora os vinte e quatro turnos sacerdotais aparecem em 1 Crônicas 24 também. Vocês vão ver ali como por revelação divina se estabeleceram vinte e quatro turnos, vinte e quatro classes; por isso Abias era a oitava classe; Zacarias era da classe de Abias, ou seja, o oitavo turno; cada mês tinha trinta dias, mas cada classe tinha quinze dias, porque eram vinte e quatro turnos sacerdotais. No capítulo 24 diz do 1: “1 Quanto aos filhos de Arão, foram eles divididos por seus turnos. Filhos de Arão: Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar.

2  Nadabe e Abiú morreram antes de seu pai e não tiveram filhos; Eleazar e Itamar serviam como sacerdotes.3  Davi, com Zadoque, dos filhos de Eleazar, e com Aimeleque, dos filhos de Itamar, os dividiu segundo os seus deveres no seu ministério.4  E achou-se que eram mais os filhos de Eleazar entre os chefes de famílias do que os filhos de Itamar, quando os dividiram; dos filhos de Eleazar, dezesseis chefes de famílias; dos filhos de Itamar, oito”. Ou seja 16+8 , vinte e quatro turnos sacerdotais. “5 Repartiram-nos por sortes, uns como os outros; porque havia príncipes do santuário e príncipes de Deus, tanto dos filhos de Eleazar como dos filhos de Itamar”. 


Então do verso 7 fala da primeira sorte, a segunda, a terceira; continua falando das sortes até que chega ali ao versículo 18 e diz: “18 a vigésima terceira, a Delaías; a vigésima quarta, a Maazias. 19  O ofício destes no seu ministério era entrar na Casa do SENHOR, segundo a maneira estabelecida por Arão, seu pai, como o SENHOR, Deus de Israel, lhe ordenara. 20 Eis os chefes do restante dos filhos de Levi”. 


Acontecem também as mesmas coisas; eles também são distribuídos para trabalhar sob a ordem destes sacerdotes. Então, vemos que esta distribuição foi por vinte e quatro turnos; ou seja que o que acontece na terra reflete o que se dá nos céus; as coisas que se vêem são feitas das que não se viam; as coisas naturais refletem as coisas espirituais. Vemos que há um sacerdócio terrestre distribuído em 24 turnos, mas vemos que há um sacerdócio do mundo angélico.


 Chamam-se anciãos, porque digamos que são os mais antigos, os mais sábios de entre as criaturas celestiais que formam uma câmara de vereadores que está perto do trono de Deus, vinte e quatro tronos. Deus delega câmara de vereadores a estes vinte e quatro anciãos, e estes vinte e quatro anciãos têm autoridade, estes vinte e quatro anciãos adoram a Deus, estes vinte e quatro anciãos apresentam taças de ouro cheias de incenso; esse é o trabalho sacerdotal. Se você tomar todos os versículos onde fala das funções, os fatos desses vinte e quatro anciões, vai se dar conta de que esses vinte e quatro anciãos exercem serviço sacerdotal; eles são os que oram; eles são os que apresentam as taças de ouro com as orações dos Santos; ou seja que os anjos sobem essas orações, como disse o Senhor Jesus que os anjos sobem e descem nas orações; assim como aparecem em Apocalipse 8; diz que as orações dos Santos são o incenso e que os anjos sobem esse incenso; mas eles o apresentam aos vinte e quatro anciões. Podem ver a descrição em Apocalipse 5:8, onde podem ver que as funções destes 24 anciões em tronos celestiais são funções sacerdotais.


“e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa, (estão adorando a Deus; assim como aqueles sacerdotes e levitas adoravam a Deus na terra, estes o fazem no céu; aqui embaixo era Jedútum, era Asafe, eram os filhos de Corá; acima estes vinte e quatro anciãos) e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos”. Os que tinham essas taças de incenso, os que balançam o incensário, exerciam uma função sacerdotal. Quem era o que na terra apresentava o incensário? Não era o sacerdote? Cada um dos 24 turnos sacerdotais eram os que apresentavam o incenso do incensário ali no altar de ouro no Lugar Santo e no Lugar Santíssimo; o sacerdote apresentava esse incenso no Lugar Santíssimo. Quem balançava o incensário? O sacerdote; e agora vemos esses 24 anciãos exercendo uma função sacerdotal, oferecendo o incensário. O incensário que ofereciam os sacerdotes de Israel era físico, e este incensário é espiritual, com orações dos Santos que são apresentadas por esses 24 anciãos a Deus. Certamente Deus conversa com esses 24 anciãos e os 24 anciãos conversam com Deus e lhe apresentam as orações dos Santos. Os anjos as levam ao céu, mas chegam às mãos destes 24 anciãos e eles apresentam a Deus , e também eles são os que proclamam a redenção de Deus aos redimidos e por isso diz: “9 e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação 10 e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra”.


Mais adiante, no verso 14, diz: “E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram”. São sacerdotes celestiais, são os anciãos ante os quais o Senhor se fará glorioso em seu julgamento. Não são os apóstolos, não são os filhos de Israel, não, porque os próprios filhos de Israel, alguns pecaram, seus nomes estão nas portas da Cidade; há um anjo à entrada de cada uma delas, são somente doze; os apóstolos tampouco são, porque o próprio João não se coloca nesse mesmo plano; são anciãos celestiais, sacerdotes; os vinte e quatro turnos sacerdotais estão representados aqui por estes vinte e quatro tronos, os vinte e quatro anciões que estão com coroas de ouro em suas cabeças. Vamos parar aqui porque hoje não teremos para nos deter no resto dos detalhes. Apocalipse 4:4: “Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco”. Estas são criaturas puras, são criaturas santas, anciões celestiais que representam a maior sabedoria entre as criaturas celestiais, entre as quais são os mais sábios, os mais próximos, “em cujas cabeças estão coroas de ouro” Isso representa que eles são criaturas que reinam. No século vindouro, Deus não sujeitou aos anjos o mundo vindouro. O que quer dizer isso? Que o mundo anterior ao vindouro sim foi sujeito aos anjos; por isso os anjos reinam sobre diferentes aspectos do mundo criado Por Deus; tanto no mundo invisível como no visível, como têm ingerência no mundo visível; inclusive se fala no Apocalipse sobre o anjo das águas, do anjo do fogo, do anjo que estava no sol, de quatro anjos que têm poder sobre os ventos da terra. Deus concede a esses anjos autoridade sobre elementos da criação e também têm funções lá no mundo invisível, no mundo espiritual; mas de todos eles os que aparecem como anciãos são vinte e quatro; entretanto, depois veremos isto; há quatro seres viventes que estão mais perto do trono, que são os que dirigem a adoração destes vinte e quatro, porque quando os quatro seres viventes dão honra e glória, os vinte e quatro anciãos se prostram e adoram a Deus. Então vamos terminar por hoje e vamos dar graças ao Senhor.




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