Aproximação ao Apocalipse (4)- HERMENÊUTICA DO APOCALIPSE

 Aproximação ao Apocalipse (4)


INTRODUÇÃO IV:


HERMENÊUTICA DO APOCALIPSE



UMA COLHER ADEQUADA


Vamos abrir a palavra do Senhor no Livro do Apocalipse; vamos abrir no primeiro capítulo. Nas duas ocasiões anteriores fizemos uma introdução necessária relativo às considerações de alta crítica; ou seja, relativo ao autor do livro, etc. e o relativo também à baixa crítica em relação com os textos, à transmissão textual do século I até hoje deste precioso livro e sua canonicidade. Hoje, antes de entrar, com a ajuda do Senhor, se Ele assim nos conceder isso, verso por verso, capítulo por capítulo, queria fazer uma consideração geral sobre o livro, já não sobre o autor, nem tampouco dos manuscritos em que se conteve, mas sobre o próprio livro e a respeito das ferramentas que necessitamos, com a ajuda do Senhor, para entendê-lo. Tínhamos mencionado na vez passada que a sopa vem em um prato e nós tomamos com uma colher; a sopa é o alimento, a sopa é o conteúdo, a sopa nos tomamos por meio da exegese; ou seja, lendo e entendendo, com a ajuda do Espírito Santo e sua promessa, este livro que é para todos seus servos; mas claro que essa sopa vem em um prato, ou seja, em um documento que é a Bíblia, que tem uma história, que aconteceu muitos combates e prevaleceu sobre esses combates e ataques, e isso é o que tratamos na vez passada. A vez passada se tratou algo do prato em que nos vem o Livro; mas antes de passar a tomar a sopa, vamos tratar da colher, ou seja, da ferramenta da hermenêutica necessária a se levar em conta para ler este livro; ou seja, o prato é a bibliologia em seus aspectos de alta e baixa crítica;  a autoria, a legitimidade, a canonicidade, a transmissão textual que é a base destas traduções; esse é o prato; e a hermenêutica que é a arte ou ciência da sã interpretação, o conjunto de normas, métodos, princípios, regra para interpretar sadiamente, essa é a hermenêutica, essa é a colher. Então, necessitamos também nos valer de uma colher adequada para tomar esta preciosa sopa, este alimento do Senhor.


O CORPUS DA REVELAÇÃO


Hoje não vamos estar fazendo uma exegese ordenada dos versos, mas olhando somente de maneira geral o livro, olhando sua localização dentro do contexto de toda a revelação. Vocês recordam uma frase que disse o apóstolo Judas Tadeu Lebeu, irmão do Senhor Jesus e de Tiago, e eu quis fazendo um parelelo com o Apocalipse, ler essa expressão de Judas; ao final do verso 3 da epístola, ele diz pelo Espírito Santo uma expressão que é a seguinte: “A fé que foi uma vez dada aos Santos”; essa frase significa muito, essa frase significa que já não virá depois da primeira geração apostólica uma revelação nova, uma suposta nova revelação com um anúncio novo; o que Deus tinha que anunciar, a nossa fé, já foi anunciado; a fé já foi dada uma só vez e não temos que lhe acrescentar nada novo; todo o conteúdo do que Deus revelou já saiu do coração de Deus, já está inspirado seu registro e já está contido nas Sagradas Escrituras; claro que daí por diante o Espírito Santo vem a nos iluminar, a nos dar revelação do que está escrito na Palavra, mas já não vai aparecer uma nova Bíblia; qualquer outra suposta Bíblia, qualquer outro livro, assim seja o Corão, assim seja o Livro de Mórmon ou qualquer outro escrito que pretenda trazer um novo evangelho, é declarado anátema por parte de Deus, por parte de Sua palavra. O apóstolo Paulo disse que nem sequer eles (os apóstolos), nem sequer um anjo do céu, assim se chame Moroni ou pretenda ser Gabriel, nem sequer um anjo do céu pode anunciar um evangelho diferente de que revelou Jesus Cristo e que anunciaram os apóstolos. Não é um evangelho dos apóstolos, é um evangelho de Deus por Jesus Cristo; e o Pai disse: “Este é meu Filho amado, em quem tenho complacência; a ele ouçam”; e o Senhor já revelou tudo o que tinha que revelar, a palavra de Deus já está completa, o corpus da verdade já foi manifestado, já está escrito; agora o que podemos fazer é procurar penetrar nele, entendê-lo com a ajuda do Espírito Santo; mas uma revelação nova que venha a tirar ou a adicionar ou a modificar o que temos na Bíblia não pode acontecer; Deus já pronunciou um anátema sobre qualquer outro pretendido evangelho ou anúncio diferente ao que Ele já anunciou; os apóstolos já anunciaram e o Espírito Santo inspirou que se registre e já está escrito na Bíblia; por isso se fala da fé que uma vez foi dada aos Santos; é lógico que esse processo de revelação de Deus durou muitos anos; Deus já revelou algo ao primeiro homem, e o que Deus revelou ao primeiro homem já foi registrado na Bíblia; e logo já houve todo o processo dos patriarcas, todo o processo de Moisés, de Israel no deserto, de Israel em Canaã, de Josué, dos Juízes, dos profetas, logo veio o cativeiro babilônico, então veio o período de Esdras, logo veio João o Batista anunciando a vinda do Messias e veio o Messias cumprindo as profecias, conforme a uma primeira vinda que tinha que ser para pagar o preço de nossos pecados conforme a tipologia e a profecia, e ressuscitar ao terceiro dia ante testemunhas e enviar o Espírito Santo e os apóstolos. Com a morte do último dos doze apóstolos do Cordeiro, que foi o apóstolo João, fechou-se o cânon das Sagradas Escrituras e se completou o corpus da verdade, a fé que tinha que ser revelada; a fé que uma vez foi dada aos Santos. Agora, não estamos esperando revelações novas, mas somente penetrar, com a ajuda do Espírito Santo, na revelação que já está completa, já foi dada e já está na Bíblia; foi precisamente do apóstolo João o encargo de completar o cânon das Sagradas Escrituras.


O LIVRO DA CONSUMAÇÃO


O apóstolo João foi aquele que o Senhor escolheu para que escrevesse os últimos livros da Bíblia; Mateus, Marcos e Lucas já tinham escrito seu Evangelho, mas o Espírito Santo moveu o apóstolo João para que ele escrevesse coisas que nem Mateus, nem Marcos, nem Lucas tinham escrito; ou seja, com o Evangelho segundo o apóstolo João, completam-se os evangelhos. As últimas cartas ou as últimas epístolas que foram escritas também foram as do apóstolo João; o apóstolo João foi o último a escrever; ele escreveu praticamente aos fins do século I e também o Apocalipse é o último livro profético e o último livro apocalíptico da Bíblia; no Antigo Testamento já tínhamos alguns livros apocalípticos, especialmente Daniel que é considerado um apocalipse veterotestamentário; também Ezequiel e também Zacarias; estes três profetas têm características apocalípticas.


Apoiado nesse Apocalipse, principalmente o de Daniel, depois no período intertestamentário surgiram outros apocalipse espúrios, tratando de apresentar uma visão futurista, escatológica, mas não foram inspirados pelo Espírito Santo, não estão no cânon das Sagradas Escrituras; podem-se ler, apóiam-se em questões do Antigo Testamento, mas não são o próprio Antigo Testamento; logo, no Novo Testamento há algumas passagens apocalípticas do próprio Senhor Jesus; por exemplo, os que aparecem em Mateus 24, em Marcos 13, em Lucas 17, em Lucas 21; essas são passagens de tipo apocalíptico do Senhor Jesus; mas o Apocalipse por excelência, o Apocalipse que culmina a revelação, é este Apocalipse do apóstolo João que foi colocado no final da Bíblia. Eu acredito que essa é a localização melhor que se pode dar a este livro; é possível que o evangelho e as epístolas tenham sido escritas por João um pouco depois, para completar a revelação sobre o Senhor Jesus, mas a culminação da Bíblia, ali onde se termina todo o desenvolvimento do programa de Deus, dá-se no Apocalipse. O Apocalipse é o livro onde aparece a colheita final; ou seja que tudo o que se semeou em Gênesis, no Pentateuco, tudo o que foi desenvolvendo-se no trabalho de Deus, na economia divina, ao longo de todos os séculos, tem uma culminação no Apocalipse; podemos dizer que o Apocalipse é o livro da consumação; é um livro principalmente, não unicamente, mas principalmente escatológico.


A revelação divina trata a respeito de Deus, trata sobre o Messias, trata a respeito da queda, a respeito da salvação, trata a respeito da Igreja; de maneira que várias das matérias da Teologia Sistemática encontram em outros livros da Bíblia seus principais conteúdos; mas dentro da Teologia Sistemática o último em tratar-se é a escatologia, a que trata da consumação das coisas.


 Existe um sentido na história e existe um propósito eterno de Deus, que é o que dá sentido à história; é um Deus Soberano e um Deus que muitas vezes profetizou e suas profecias se cumpriram; mas temos também profecias para o futuro, e o livro que contém as profecias finais é precisamente o livro do Apocalipse. O Apocalipse é como um livro onde estão todos os terminais da Bíblia. O que quero dizer com todos os terminais? Coisas que começaram a ser reveladas de Gênesis e em outros livros ao longo da Bíblia, foram tendo um desenvolvimento; a revelação foi progressiva, foi acrescentando algum detalhe mais à revelação, até que toda a revelação culmina no Apocalipse; tudo o que começa em qualquer outro livro da Bíblia tem sua terminação no Apocalipse; no Apocalipse encontramos o final definitivo da mão de Deus de todos os assuntos; Deus dá conclusão a todos os assuntos e revela isso no livro do Apocalipse; ou seja que para o Apocalipse, para se ler e entender, precisa-se levar em conta toda a Bíblia.


Uma das razões pela qual o herege Marcião, no princípio do século II, rechaçou o Apocalipse, é precisamente porque ele era anti-judeu; ele dizia que o Deus do Antigo Testamento era um demiurgo inferior, que o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo era outro Deus; ele não entendeu que era uma revelação progressiva; ele disse que era outro Deus; então ele rechaçou tudo o que vinha dos judeus, ele foi um gnóstico. Simão o Mago teve um discípulo chamado Cerdão e este teve outro discípulo chamado Marcião e este Marcião rechaçou o Apocalipse porque o considerava muito judaico; ele rechaçou os escritos dos apóstolos Pedro, Tiago, João, assim como hoje em dia fazem na «Cresciendo en Gracia», e somente aceitava alguns escritos do apóstolo Paulo mutilados e somente um evangelho, o de Lucas, também mutilado; esse é o cânon de Marcião, só Paulo mutilado e Lucas mutilado; ele rechaçou o Apocalipse porque o Apocalipse tem muito de semítico, tem muito do Antigo Testamento; por quê? Porque ali estão os terminais de toda a Bíblia. Se você ver um castiçal em Apocalipse, tem que, para entender essa figura, retroceder à primeira menção, à segunda e à terceira e às demais menções do castiçal; se você encontrar umas bestas e uns chifres no Apocalipse, tem que retornar às primeiras menções das bestas e dos chifres anteriores; se você vir um trono no Apocalipse, tem que retornar no Antigo Testamento; se você ver um tabernáculo no Apocalipse, qualquer figura ou sinal, ou profecia que você encontra no Apocalipse, faz referência à Bíblia atrás dele; ou seja, o Apocalipse é um livro não isolado, mas é o livro que culmina a Bíblia; no Apocalipse estão os terminais da Bíblia; tudo o que começa em algum ponto da história do povo de Deus se desenvolve e se culmina no Livro do Apocalipse; ou seja que o Apocalipse é um Livro que não se pode ler sem o resto da Bíblia. Dos arredores de 400 versículos quase 280 são alusões ao Antigo Testamento, quase 280; ou seja, para poder entender essas frases, essas alusões, essas figuras, esses sinais, precisamos ir a todo o Antigo Testamento e também ao resto do Novo Testamento.


SINAIS CHAVES NO APOCALIPSE


O Apocalipse é o livro da culminação e ali encontramos o estado final de todas as coisas e também encontramos os sinais chave que resumem toda a Escritura. Vocês recordam que no Evangelho de João, ele fala assim: “Este princípio de sinais fez Jesus em Caná da Galiléia, e manifestou sua glória”; e logo mais adiante diz: e este sinal fez; como sete vezes aparece da parte de João a menção de que o Senhor Jesus fez sinais. A palavra sinal, semeion no grego, significa algo mais que prodígio; algo mais que milagre; um milagre pode ser uma coisa prodigiosa, mas a palavra sinal quer dizer mais que milagre e quer dizer mais que prodígio; um sinal é um signo. Um signo ou uma série de signos são instrumentos de revelação e de mensagem. Quando um milagre se considera somente como milagre ainda não é possível ver o sinal; mas quando o milagre serve de sinal para uma mensagem de Deus a respeito de Cristo, de nossa condição, da salvação, agora podemos dizer que existe um sinal, não só um milagre; ou seja que Deus usa os milagres como sinais, usa visões, usa figuras como sinais.


Se vocês me acompanharem ao primeiro capítulo de Apocalipse, vocês vão ver, embora aqui no castelhano não está tão claro isso, no idioma grego é extremamente claro; ali em Apocalipse 1:1 diz: “Apocalipse de Jesus Cristo”; esse artigo “a” não está no grego; não é “A revelação de Jesus Cristo”, a não ser “Revelação de Jesus Cristo”, “Apocalipse de Jesus Cristo, que Deus lhe deu, para manifestar a seus servos as coisas que devem acontecer logo, e a declarou enviando-a por meio de seu anjo a seu servo João”. por agora não vou deter a não ser no contexto do que vamos dizendo de forma imediata na palavra “declarou”; o que aqui se traduz “declarou”, a revelação de Jesus Cristo que Deus lhe deu, essa palavra “declarou” é uma palavra grega que tem como raiz essa palavra “semeion”, que quer dizer “sinais”; ou seja a declarou por meio de sinais; a idéia de declarar por meio de signos, de figuras, de símbolos para dar uma mensagem através desses sinais, está debaixo desta palavra “a declarou”; ou seja, manifestou-a com sinais, com signos, com símbolos, com figuras.


Isso quer dizer princípios espirituais primeiro, projeções proféticas segundo, realidades históricas que cumprem essas profecias e manifestam esses princípios são declaradas por meio de sinais. Os sinais não são somente algo histórico e não é somente algo profético; o sinal é algo para mostrar princípios. Por exemplo, diz João: Vi um sinal no céu, uma mulher, e a descreve, para dar à luz um menino, e o descreve, e logo diz: Vi outro sinal: um grande dragão com tantas cabeças e chifres, e o descreve; essas coisas são sinais; ou seja, Deus está dando uma mensagem, revelando princípios através desses sinais. Claro que esses princípios são de Deus e revelam o caráter de Deus, se manifestam também nas profecias e logicamente também nas juntas históricas, mas principalmente os sinais, o que falam, são mensagens e princípios.


UMA CHAVE TRIPLA


Primeira chave: Interpretação histórica. Então falávamos de uma colher que temos que ter preparada para tomar a sopa; ou seja, uma hermenêutica, umas regras, normas, métodos, princípios de interpretação que precisamos usar para o Apocalipse. Como o Apocalipse é um livro de sinais, os sinais revelam princípios que vêm de profecias ou dentro de casos históricos. Percebemos que devemos interpretar o Apocalipse em um triplo nível porque é um livro de sinais. Um milagre como exemplo, a conversão da água em vinho em Caná, não era somente um milagre; era um sinal; ou seja, o milagre foi algo histórico, mas esse milagre estava projetando um ensino, um princípio; não era somente um milagre que aconteceu, mas esse milagre significava algo, algo em relação a Deus, algo em relação a nós, algo em relação ao plano de Deus, algo em relação ao lugar de Cristo nesse plano. Então quero dizer-lhes que este livro de Apocalipse deve ser lido com uma tripla chave, posto que é uma revelação declarada em sinais. A primeira chave é uma chave histórica; ou seja, o livro se deu em um contexto específico da história; algo aconteceu na história e algo Deus estava respondendo com esse livro para a história. Quando, por exemplo, o Apocalipse foi enviado às sete Igrejas que estão na Ásia; essas Igrejas eram Igrejas históricas que estavam em uma determinada situação histórica e que estavam passando por uma determinada situação, e o Senhor responde às necessidades conjunturais históricas de suas Igrejas nesse tempo e lhes escreve com figuras que eles podiam entender e que podiam utilizar para interpretar sua própria conjuntura, serem consolados e serem inspirados em sua situação histórica. Por exemplo, Abraão viveu uma história e essa história de Abraão está registrada na Bíblia e foi algo que aconteceu com Abraão. Ele teve duas mulheres: uma se chamou Sara, outra se chamou Hagar; teve de Hagar um filho que se chamou Ismael, teve de Sara outro filho que se chamou Isaque e tudo aquilo foi uma história; entretanto, há outra leitura que temos que fazer depois e ainda por cima ou detrás, como você queira dizer, acerca da primeira leitura histórica.


Segunda chave: Interpretação profética. Paulo, quando lia a história dos patriarcas, ele se deu conta, pelo Espírito Santo que lhe abriu os olhos, que detrás daquela história, atrás daquelas conjunturas históricas, Deus estava usando essa história para projetar uma alegoria. Então Paulo no Livro de Gálatas, quando conta a história do patriarca Abraão e de suas mulheres Sara e Hagar e de seus filhos Ismael e Isaque, diz Paulo: “24 O qual é uma alegoria, pois estas duas mulheres (não são só duas mulheres) são os dois pactos; um provém do monte Sinai, o qual dá filhos para escravidão; esta é Hagar. 25 Porque Hagar é o monte Sinai na Arábia, e corresponde a Jerusalém atual (a Jerusalém terrestre), pois esta, junto com seus filhos, está em escravidão”. Vemos, pois, que Hagar representa o Antigo Pacto, Sara representa o Novo Pacto. Ismael representa o filho do Hagar, nascido pelo esforço humano, entretanto Isaque representa ao filho nascido pela intervenção soberana e sobrenatural de Deus, pelo Espírito; ou seja, que detrás da história o apóstolo Paulo pôde discernir, não somente que Deus nos estava contando uma história em Gênesis, mas usando essa história como alegoria; o mesmo acontece em Apocalipse. No Apocalipse, certamente a igreja em Éfeso era uma igreja histórica; certamente que o que está escrito, literalmente aconteceu lá; certamente que o personagem Antipas que aparece mencionado em Pérgamo era um homem real a quem realmente mataram; certamente que Jezabel, a que aparece em Tiatira, era uma mulher específica que se chamava Jezabel e o que se diz aconteceu de forma histórica; mas não devemos somente ler estas passagens como história, posto que o próprio Deus diz que além de históricos são proféticos; por isso no livro de Apocalipse se fala que este livro é uma profecia; e logo em Apocalipse 1:3, diz: “Bem-aventurado o que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia”; ou seja, o Apocalipse é uma profecia e é uma profecia não somente em relação com acontecimentos passados, mas em relação com acontecimentos futuros; por isso olhem o que diz no versículo 1: “A revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu, para manifestar a seus servos as coisas que devem acontecer logo”; coisas que devem acontecer; ou seja, nem tudo o que está no Apocalipse é uma revelação de algo histórico passado, mas se projeta para o futuro. “Coisas que devem acontecer”, coisas que estão no futuro, e por isso este livro é chamado de “profecia”. “Bem-aventurado o que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas nela escritas, porque o tempo está próximo”. Claro que esta palavra que diz aqui: “que devem acontecer logo” e “próximo”, é do ponto de vista de que dá a revelação, que é o Senhor Jesus; para Ele um dia é como mil anos; os últimos dias para nós é um longo período, mas para o Senhor é como um pestanejo, porque Ele é eterno. 


Então a palavra “próximo” e a palavra “logo” devemos saber que provêm da boca de Jesus Cristo e não necessariamente da boca de João.


Então em Apocalipse 22, nos declara o mesmo. Apocalipse 22:19 e logo no versículo 10. No 19 diz: “E se alguém tirar das palavras do livro desta profecia, Deus tirará sua parte da árvore da vida, e da Santa cidade e das coisas que estão escritas neste livro”; ou seja, “o livro desta profecia”; este é um livro de profecia. No 22:10: “E me disse: Não sele as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo”. Então, irmãos; temos três versos que nos dizem claramente que o Apocalipse é um livro de profecia; de maneira que a colher para tomar a sopa, a hermenêutica para interpretar, indica-nos que devemos ler este livro como uma profecia e não só como algo histórico. Ah, claro que houve intérpretes que tiveram interesses de somente tomar o Apocalipse como um livro histórico do passado; especialmente aqueles que são denunciados neste livro; gostam que se interprete o livro como algo do passado; é uma questão de Nero; esses sete reis, já passaram; essa é uma coisa do passado, que havia uma perseguição; então para lhes dar um pouco de tranqüilidade nessa perseguição, disseram-lhes umas quantas coisas; essa é uma coisa do passado e não tem nada que ver com o agora. Claro, como fala da grande prostituta vestida de púrpura e de escarlate, a cidade de Roma, e como fala outras coisas posteriores, muitos intérpretes não querem verem-se retratados nessa profecia e preferem considerar o livro do ponto de vista meramente histórico, como qualquer outro dos apocalipses judaicos que haviam no período intertestamentário, e pensando melhor, não foi o apóstolo João, mas outro João, porque Eusébio, porque Papías, e começam com esse espírito de ceticismo a tratar  de se esquivarem deste livro. Que coisa séria! Se tirarem uma parte desta profecia é sério, quanto mais tirar o livro todo é mais sério. Este livro não é para que se tirem algo dele; é para ler, ouvir e guardar as coisas que nele estão escritas.


Então, irmãos, além de perceber no livro, porque se percebermos os acontecimentos históricos, esses mesmos acontecimentos históricos servem como tipologia para projetar alegoria e profecia; assim como a história dos patriarcas, não só foi história, mas também projetavam alegoria e profecia, assim também os acontecimentos históricos, como o de Nero, como o de Nero revivido chamado Domiciano, foram acontecimentos históricos; mas esses acontecimentos históricos, igual aos acontecimentos históricos patriarcais, projetavam profecia para o futuro; isto é profecia, não é só história; isto não é para descrever somente as situações do passado recente de João, mas do futuro de todos os servos de Deus. Este livro, diz, é para revelar a seus servos ou manifestar a seus servos, ou seja, aos servos; aqui não fala de um pregador especial, mas sim de todos os filhos de Deus, que são todos servos de Deus; manifestar as coisas que devem acontecer logo. Este livro é uma profecia; de maneira que quando lemos algumas coisas, embora tenham tido um cumprimento histórico, Deus escolheu esses acontecimentos históricos como linguagem, como sinal para projetar profecia e também princípios


Terceira chave: Interpretação arquetípica, dos princípios. O terceiro nível de interpretação que temos que ter em conta é o nível dos princípios. Há uma interpretação histórica inicial; sobre ela uma interpretação profética; mas Deus, tanto no cumprimento histórico, como na profecia, manifesta princípios; “arquê”, é a palavra que quer dizer “princípio”; por isso lhe podemos chamar interpretação arquetípica; perceber o arquétipo, o princípio. Então está uma interpretação histórica, mas como não é sozinho uma história, projeta profecia, projeta tipologia, projeta alegoria, há uma segunda interpretação profética que é obrigatória, porque é uma profecia; não podemos tomar isto somente como um livro histórico, embora seja, porém é mais que isso, é uma profecia; mas esta profecia nos obriga também a ver que Deus revela princípios nos sinais. 


Notem, por exemplo, comigo em Apocalipse 2 e 3, como depois de que fala com sete Igrejas históricas, está projetando profecia a respeito da igreja; mas logo depois de projetar profecia a respeito da igreja, no final de cada mensagem a cada igreja, diz o seguinte (2:7, quando falou com Éfeso): “quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas”. No verso 1 dizia: “o que tem as sete estrelas em sua mão direita, que anda em meio dos sete candeeiros de ouro, diz isto:” ou seja, este é o Filho, o Filho de Deus fala isto com uma igreja histórica que existiu no tempo de João, que era a igreja em Éfeso; mas na igreja de Éfeso está tipificado o que caracterizaria um período profético da história da igreja; então usando as situações conjunturais se está projetando profecia; mas não só se projetam profecias, porque agora diz: “Ouça o que o Espírito diz às Igrejas”; ou seja, às Igrejas em geral, não só a estas sete, não só às daquela época, mas também às Igrejas, todas as Igrejas, qualquer ocasião que aconteça em qualquer igreja, um assunto semelhante ao que aconteceu em Éfeso, ou em Esmirna, ou em Pérgamo, ou em Laodicéia, Deus está revelando como Ele entende isso, como Ele trata, o que Ele aprova, o que Ele desaprova.


Que diferença há entre o profético e o arquetípico? O profético quer dizer que umas determinadas condições prevalecem em uma determinada época da história da igreja; isso é o profético. Por exemplo, Deus sabia que na idade média o cristianismo, a cristandade, ia tomar determinada aparência; então, tomou uma igreja histórica da época, por exemplo Tiatira, onde acontecia o que ia prevalecer nessa época medieval; então falou primeiro com a Tiatira no histórico; mas ao falar com a Tiatira no histórico, profetizou a respeito do que prevaleceria em determinado período da história da igreja, e Deus tratou com a igreja em seus períodos futuros; isso é o profético, mas o arquetípico é que não importa se você não está em determinado período histórico onde prevalecem determinadas situações; pode estar em qualquer período, pode estar em qualquer país, em qualquer lugar da história da igreja, da geografia e do espaço, Deus está revelando princípios. “Ouça o que o Espírito diz às Igrejas”; ou seja, se tiver ouvidos espirituais, capte os princípios. Se por exemplo em sua igreja, em sua localidade, estão acontecendo coisas semelhantes às que aconteceram historicamente em tal igreja ou em determinado período da igreja, Deus já falou, revelou seus princípios de tratamento, revelou suas aprovações, revelou suas desaprovações; então deve se levar em conta o que estas profecias revelam de Deus, de seu trato, de suas avaliações e valorações; tanto o histórico como o profético revelam o arquetípico. 


O histórico serve de linguagem para projetar profecia, mas tanto no histórico como no profético se revelam os princípios de Deus. Às vezes nós queremos ver o aspecto profético e queremos aplicá-lo minuciosamente a determinada época da história da igreja ou da história humana, determinados acontecimentos; mas resulta que em outros acontecimentos de outra época histórica, você também pode aplicar essas profecias. De fato, durante vinte séculos, os cristãos estiveram aplicando as profecias da Bíblia. 


Por que isso? Porque por trás dos acontecimentos históricos,  por trás da prevalência em determinada época de certas condições, ou seja, o aspecto profético; existem princípios que sempre se movem, não importa se estiver na idade Média, o Apocalipse te serve profeticamente na idade Média; por causa dos princípios; serve-te na idade moderna por causa dos princípios; serve-te no primeiro século por causa dos princípios.


OS ARQUÉTIPOS  POR TRÁS DA HISTÓRIA


Deus é o Senhor da história, e quisera eu que meus irmãos recordassem uns versículos que estão no livro de Eclesiastes. Eclesiastes 3:10-11; e vamos ver umas palavras que Deus diz ali que nos ajudam a entender este assunto dos princípios; diz assim: 


“10 Eu vi o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens para que se ocupem nele. 11 Tudo o fez formoso em seu tempo”; OK, aí vemos o tempo, aí vemos a junta histórica; mas resulta que os homens, que em seu corpo são temporários, foram criados para a eternidade; e diz o seguinte: “Tudo o fez formoso em seu tempo; e pôs eternidade no coração deles, sem que alcance o homem a entender a obra que Deus tem feito desde o começo até o fim”; ou seja, o homem vive no tempo, mas o homem tem algo em seu interior que é para a eternidade, que não se limita ao tempo, que o faz levantar-se do meramente acidental e conjuntural a um significado perene; isso Deus colocou no homem. 


Então o homem precisa interpretar os princípios por trás da história. Assim como descobrem leis biológicas; por exemplo, Mendel começou a fazer uns experimentos com as plantas, com umas ervilhas, e descobriu as leis da genética; ou seja, hoje eu tenho esta plantinha, se eu semear isto, produziu isto, mas isso foi esta vez; a próxima vez pode ser que produza outra coisa; mas depois produziu o mesmo, depois o mesmo e depois o mesmo; ele percebeu que de todas as conjunturas, todas, refletiam um princípio que sempre se repetia; aí foi quando descobriu as leis da genética.


Bom, a história também é como um cumprimento alegórico da teologia. Notem que o Senhor falava em parábolas; Ele falava da vinha, como terá que semear isto, como se semeia aquilo e como se colhe isto, como se colhe aquilo; ou seja, o reino dos céus é semelhante a um homem que semeia uma semente e logo crescem umas folhinhas verdes, logo sai a espiga, logo o grão enche a espiga e quando o grão já está amadurecido, mete-se a foice porque a ceifa chegou; ou seja, Ele tomou algo que aconteceu uma vez, duas vezes, três vezes, até que se tornou a lei da natureza; agora tomou a natureza e a usou como figura da história. O Senhor interpretou a história com a linguagem da natureza; ou seja, a natureza é um sinal para se converter em parábola e falar coisas da história, do tempo da ceifa, do tempo da semeadura, do tempo de regar e por isso fala: vós sois plantio de Jeová e um semeia, outro rega; ou seja, o que servia de algo natural, histórico, que serve para mostrar leis naturais, agora serve como parábola para mostrar leis ou princípios espirituais; ou seja, existe um controle de Deus; assim como há uma providência, um ciclo completo com um desenvolvimento completo no natural em uma planta, por exemplo em uma espiga de trigo, o mesmo existe entre os seres humanos. O Senhor fala das videiras que já estão amadurecidas e terá que pisar no lagar e espremer o suco da uva e subirá sangue até os freios dos cavalos; agora ele utiliza a ceifa: um anjo com uma foice. Passa a sua foice porque a ceifa chegou e agora resulta que essas videiras e essas espigas são nações, são pessoas. Vemos, pois, que Deus revela coisas espirituais através das naturais. As naturais são as figuras, são os símbolos, mas existem realidades espirituais das quais Deus fala e esses são os princípios, os arquétipos.

Mas a Bíblia nos revela não só profecia linear, mas também princípios; então no Apocalipse temos que levar em conta também esse terceiro nível hermenêutico; depois do histórico e do profético, temos que ver o nível arquetípico: os princípios. Quando diz: Ouça o que o Espírito diz às Igrejas, já não está falando somente da igreja de Éfeso específica daquela época nem do período da igreja primitiva representado por ela, mas Deus revelou princípios quando tratou com aquela igreja histórica e com aquele período da igreja; revelou princípios de Seu reino que aparecem em qualquer situação. Em qualquer momento temos que discerni-lo e aplicá-lo. 


Por isso é que os irmãos do século II e do século III podiam ler Apocalipse, podiam interpretar seus acontecimentos históricos conjunturais da época e serem beneficiados; mas passada a idade Média veio a mudança de milênio, o primeiro milênio; houve novas situações e resulta que o que tinha acontecido antes, voltava a acontecer depois, e aqueles primeiros cumprimentos serviam de tipologia, alegoria e ensino, porque revelam os princípios para interpretar outra época posterior, a da primeira mudança de milênio; e agora nós estamos começando outro milênio e também as mesmas coisas começam a acontecer e a revelar-se; ou seja, existe um cumprimento típico e um cumprimento final. Quando está acontecendo o típico pode nos parecer que é o final, mas logo a história nos mostra que era típico e não o final; por isso é que diz: A besta que viste, esse é o discernimento da situação política internacional; a besta que viste, era e não é, mas será; então quando diz: era, está mostrando que realmente houve um cumprimento da profecia. A profecia havia dito que ia acontecer isso e aconteceu; mas não aconteceu de forma definitiva, porque depois vai acontecer de forma definitiva outra vez. Então, era, mas não é ainda a final, mas será. As coisas são e não são. São porque é um cumprimento do típico, mas não são ainda o definitivo, porque o definitivo vem depois; por isso o Senhor Jesus chamou a atenção: Quando virem guerras e rumores de guerra, terremotos e falsos profetas, fiquem tranqüilos, isso é necessário que aconteça, mas ainda não é o fim; porque havia a tentação de acreditar: Bom, aqui houve uma guerra, já é o fim imediato; outra guerra, agora sim é o fim imediato; outra guerra, agora se for o fim imediato; tampouco era; no século III, outra guerra; agora sim é o fim imediato; tampouco era. 


Depois do século III outra guerra, agora sim, não; por isso o Senhor Jesus disse: ainda não é o fim imediato; quer dizer, o que temos que fazer é viver os princípios, porque se você viver nos princípios de Deus, qualquer que seja o cumprimento, qualquer que seja, pode ser provisório, transitivo, tipológico, final, você vai estar correto. 


Mas se você diz: Bom, o anticristo é Hitler e descobre que não era ele, então, a Bíblia se equivocou? Não, não foi a Bíblia; foi você; a Bíblia não fala do Hitler, mas fala de pessoas que atuam como Hitler; mas não só Hitler atua assim; ou seja, arquétipos, coisas que se repetem em distintas conjunturas; a Bíblia nos fala de seus princípios e nos consola e nos dirige em qualquer conjuntura; por isso está falando com Éfeso, sim, está tratando com o Éfeso histórico, está tratando de um período tipificado por Éfeso, mas agora diz: que tem ouvido, ouça o que o Espírito diz a todas as Igrejas; ou seja, está falando para todas as épocas, para todos os lugares, para todas as situações; para que? Para tirar os princípios do assunto.


CICLOS DE CUMPRIMENTO


Eu quero chegar a um verso para mostrar o que estou dizendo, diz aqui na Bíblia. Notem aqui em Eclesiastes 3:14-15; aí está revelado pela palavra de Deus este assunto dos ciclos de cumprimento tipológicos até um cumprimento definitivo. Por favor, guardem estes dois versos: Eclesiastes 3:14-15, porque aí se revela em poucas palavras isto que eu empreguei muito tempo dizendo. Olhem o que Salomão diz aqui pelo Espírito Santo: “Tenho entendido”; ah, por fim deixou de somente estar olhando a conjuntura para ver o princípio. 


Entendem irmãos? Muitos querem ler o Apocalipse só para ver a conjuntura. Agora isto, agora aquilo, e ficam só no conjuntural e não passam por trás da conjuntura para ver o princípio. Os sinais são para mostrar o princípio, seja nesta ou em qualquer conjuntura parecida; devemos tirar o princípio. Agora Salomão, depois de ter vivido muitas conjunturas, entendeu o princípio. Diz Salomão:


“14 Tenho entendido que tudo o que Deus faz será perpétuo; sobre aquilo não se acrescentará, nem disso se diminuirá; e Deus faz, para que diante dele temam os homens. 15 Aquilo que foi, já é; e o que tem que ser, foi já; e Deus restaura o que aconteceu”.

Dão-se conta deste princípio tão importante? Tudo o que Deus faz será perpétuo. Para que? para que todos os homens de todas as épocas, de todos os lugares, ao ver os princípios de Deus manifestados em toda conjuntura e cumpridos profeticamente, temam os homens; Deus está no controle. “Aquilo que foi, já é”. Quando vocês lêem no livro I dos Macabeus, vão perceber que a profecia de Daniel 11 teve cumprimento com Antíoco Epífanes no tempo dos Macabeus. Leiam Daniel capítulo 9, capítulo 10, capítulo 11, especialmente o 11, e olhem o que vai acontecer: a abominação desoladora, e como profanará o santuário e perseguirá os Santos e tal; e logo leiam o primeiro livro dos Macabeus, a história de Antíoco Epífanes, e verão que Antíoco Epífanes cumpriu a profecia de Daniel 11; mas logo vem o Senhor Jesus Cristo, toma a mesma profecia de Daniel 11, refere-se ao mesmo Daniel 11 e diz: “Quando virem no lugar santo a abominação desoladora de que falou o profeta Daniel”; e aplica essa profecia para o futuro, como se Antíoco Epifanes não tivesse completado nada; ou seja, o que aconteceu no tempo de Antíoco Epífanes foi um cumprimento tipológico. Por que? Porque há duas sementes que estão se movendo.


Cada semente manifesta seus princípios; sempre que Deus se move, move-se segundo seus princípios; e o diabo tem seus anti-princípios ou anti-valores e se move também, e ele sempre quer controlar, dominar e fazer o que fez Antíoco Epífanes; tem oportunidade o mesmo espírito e faz o mesmo com Nero, e se tiver oportunidade faz o mesmo com Domiciano, e logo faz o mesmo por lá com o sultão Saladino, e faz o mesmo com Hitler ou com Napoleão, ou com qualquer dos atuais. Por que? Porque o espírito é o mesmo. 


Olhem: as pessoas morrem, mas não os espíritos: estes continuam, e os princípios continuam. Se você semear um grão de milho hoje, vai dar uma planta de milho; mas se tomas outro grão de milho e o semeia daqui a dez anos, volta-te a produzir outra espiga de milho; Por que? porque era a mesma genética, o mesmo princípio. 


Percebem? Então isso é o que quer dizer interpretação arquetípica, perceber o arquétipo, o princípio. Há algo histórico, verdadeiro, algo profético também verdadeiro e algo arquetípico também verdadeiro. Necessitamos das três coisas, vê-lo nos três níveis e não vê-lo em um só nível. Ouça o que o Espírito diz às Igrejas; aquilo que foi, note, com o Antíoco Epífanes, já é outra vez com o Pompeu; aquilo que foi com o Pompeu, ano 63 A.C., já é outra vez com Vespasiano e com o Tito, ano 70 D.C; e depois volta e é com  Adriano e a revolução de Bar Kochba em 135, e depois volta e acontece no tempo das cruzadas, e agora nos tempos modernos; estamos mais perto do definitivo; volta e acontece. 


Tudo o que Deus faz será perpétuo, sobre isso não se acrescentará, nem disso se diminuirá, e Deus faz para que diante Dele, temam os homens, e para que os homens conheçam Deus.


E agora diz: “Aquilo que foi, já é; e o que tem que ser, foi já”. Você quer saber como vai ser o tempo do anticristo? Leia o livro dos Macabeus e vê como foi Antíoco Epífanes; quando leres a história de Antíoco Epífanes, vais ver como vai ser o tempo do anticristo; e qualquer anticristo tipológico ou típico que aconteceu na história da igreja, porque o espírito de anticristo, o mistério de iniqüidade já está em ação desde o começo da história da igreja, e cada vez que tem oportunidade se aproxima mais a seu cumprimento final, porque é um mesmo espírito. “Aquilo que foi, já é, e o que tem que ser, foi já”. Quem faz isto? Deus, Deus restaura o que aconteceu; então devemos captar a Deus. O Apocalipse é para conhecer Deus; é para conhecer Cristo e é para estarmos preparados para qualquer conjuntura histórica, para qualquer situação. Agora, não vão desanimar neste sentido: Bom, se isto for somente típico, pode ser que este não seja o cumprimento final, as coisas como estão agora. Eu lhes digo: irmãos, vivam como se fossem morrer amanhã; que se não acontecer, pelo menos tenham vivido conforme os princípios do Senhor, mas se for, não serão pegos despreparados. Percebem? Os apóstolos viveram como se o Senhor fosse vir na geração deles; bom, não veio, mas viveram como tinham que viver. A segunda geração, o mesmo. Nós devemos viver como se esta fosse a última e que pode ser ou pode não ser; não podemos ser dogmáticos, mas pode ser. Entendem irmãos? Devemos aprender de toda a história, de todas as conjunturas, da profecia e da interpretação atual dos acontecimentos, porque o que está sendo agora já foi em outra vez. Não sabemos se será a última; pode ser; não sabemos. Amém, irmãos? Penso que por hoje, podemos parar aqui.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Aproximação ao Apocalipse (24) A APOTEOSE DO CORDEIRO

Aproximação ao Apocalipse (2) - AUTORIA DO APOCALIPSE

Aproximação ao Apocalipse (1)- O Livro da Consumação