Aproximação ao Apocalipse (6)


SAUDAÇÃO DO APOCALIPSE



“4 João, às sete Igrejas que estão na Ásia: Graça e paz a vós, da parte daquele que é, que era e que há de vir, e dos sete espíritos que estão diante de seu trono; 5 e de Jesus Cristo a testemunha fiel, o primogênito dos mortos, e o soberano dos reis da terra. Ao que nos amou, e nos lavou de nossos pecados com seu sangue, 6 e nos fez reis e sacerdotes para Deus, seu Pai; a ele seja glória e império pelos séculos dos séculos. Amém.  7 Eis aqui que vem com as nuvens, e todo olho o verá, e até os que lhe traspassaram; e todas as tribos da terra farão lamentação por ele. Sim, Amém. 8 Eu sou o Alfa e o Ômega, princípio e fim, diz o Senhor, que é e que era e que há de vir, o Todo-poderoso” (Apocalipse 1:4-8).



UM ASSUNTO DE BAIXA CRÍTICA


Vamos considerar, irmãos, esta noite, o estudo que estamos fazendo do livro do Apocalipse. Vocês vêem que tenho nesta noite uma série de Bíblias abertas; e faço isto por causa de que em muitas coisas, e especialmente neste livro, é necessário ter muitos cuidados; e algumas das coisas que vou dizer requerem estes livros aqui abertos; porque possivelmente a maioria de nós aqui presentes temos a versão Reina-valera, que com essa vamos começar a leitura; mas é necessário olhar também para outras traduções que existem, e para os originais, para ficarmos mais perto do texto sagrado. Espero que os irmãos tenham a suficiente maturidade para examinar algumas coisas que vamos estar dizendo.


Vamos então ao capítulo 1 de Apocalipse onde ficamos na vez passada.  Na vez passada vimos o relativo ao título; hoje vamos ver o relativo a esta saudação. Em Apocalipse 1:4-8. Vou fazer inicialmente a leitura nesta versão Reina-valera de 1960, que acredito que na maioria temos aqui; se houver alguém que tenha outras versões, rogo-lhe que levante a mão para saber quem tem outra versão. Está aqui a de Jerusalém, a Nácar-Colunga, Deus Fala Hoje, e a Reina-valera de 1995. Aqui à frente tenho a edição dos textos originais em grego; trouxe várias edições críticas.  As edições críticas são aquelas que comparam os diversos manuscritos mais antigos e editam o texto, incluindo as variantes que têm um manuscrito a respeito de outros, porque o autor foi inspirado, mas não os copistas; às vezes os copistas, ou um copista podia equivocar-se, um copista podia pular alguma linha, porque uma vez terminava a linha parecida possivelmente a outra frase mais adiante; talvez pulava algo, ou talvez às vezes, parecia ao copista que determinados leitores poderiam entender mal algo, então o escriba acrescentava uma nota pessoal para esclarecer o sentido; mas isso aparecia só na cópia que ele fez; quando se comparava com outras cópias então acontecia que as outras cópias não tinham a explicação do escriba; mas as cópias que se copiaram desse escriba apareciam com essa nota, mas não é assim com as demais.  De maneira que existe a ciência da crítica textual que trabalha comparando os manuscritos mais antigos: os do século I, os do II, os do III, os do IV, etc., e as edições críticas depois na imprensa,  os manuscritos da Idade Média, do Renascimento, e a imprensa; de maneira que essa é a forma de chegar a um texto mais puro; e por isso é melhor que ninguém se amarre a uma só tradução, mas sim fazer uso de várias traduções; e se for possível ir aos idiomas originais, melhor; e quando se vai aos idiomas originais, se puder ir a várias edições críticas para constatar o texto, é muitíssimo melhor. Com esse propósito eu trouxe todas estas Bíblias; tenho-as todas abertas na mesma passagem que vamos tratar, e o fiz a propósito porque aqui encontramos algumas variantes em dois versículos.


Como Reina-valera de 60 provém do chamado Textus Receptus, portanto traduz apoiado nesse texto. O Textus Receptus é da época do Renascimento.  Graças a Deus houve o Textus Receptus. O que é o Textus Receptus? antes de chegar a era do Renascimento, ou seja, nos primeiros séculos, aqui no Ocidente começou a circular a versão da Vulgata Latina; e na época do obscurantismo era proibido ler a Bíblia, e só podiam lê-la os líderes católicos romanos; e tampouco podiam ler qualquer versão,  mas somente a versão da Vulgata Latina. Dâmaso escreveu a Jerônimo, um grande escritor biblista do tempo patrístico, para que fizesse essa versão; então Jerônimo fez um grande esforço, traduziu ao latim dos textos hebraicos e gregos, e essa versão de Jerônimo, a Vulgata Latina, foi estabelecida pelo papado como obrigatória; inclusive um dos Papas Sixtus, como mencionei na vez passada, excomungava a qualquer um que tivesse outra versão.  Graças a Deus que o Papa seguinte, com a mesma autoridade do anterior, não aceitou a excomunhão opinada por seu predecessor e fez algumas correções às traduções; porque o autor é inspirado, mas os copiadores, os tradutores, não o são; às vezes fazem uma boa tradução, mas às vezes quando essa tradução é revisada por outros, eles dizem: hum! Talvez ficasse melhor dizer assim ou traduzir melhor assado.  Por isso é que há revisões de tanto em tanto tempo; por que? Porque, por exemplo, em 1909 se fez uma revisão da Reina-valera. Tenhamos em conta que Casiodoro de Reina e Cipriano de Valera eram duas pessoas diferentes, e um corrigiu ao outro; não era uma correção com um mal espírito, não; eles eram irmãos que amavam ao Senhor, faziam a melhor tradução que podiam; mas logo o outro revisava essa tradução e encontrava uns pontinhos que podia melhorar. Passados 100 anos, 200 anos, já se tinham recolhido pelo exame de muitos irmãos, muitas outras coisinhas que podiam melhorar, e por isso é que há novas revisões de tanto em tanto.  Por isso é que alguns têm a revisão de 1995, que é uma revisão da de 60.  Se fez uma em 77, logo outra em 95, só de Reina-valera; pois, se isso se faz de uma tradução, quanto mais trabalho quando se trabalha com os manuscritos antigos.  


Alguns trabalharam com uns, outros com outros; então antes da época do Renascimento, no ocidente se usava mais que tudo a Vulgata Latina, até que na época do renascimento Erasmo começou a procurar alguns manuscritos gregos e a publicar o Novo Testamento em grego; claro, foi um grande trabalho; já não tinha que aproximar-se da Bíblia somente através de uma tradução latina, mas sim agora o texto grego era publicado; isso foi um avanço para a época anterior; com respeito à época atual está atrasado, mas com relação à época anterior ao renascimento, foi um avanço; por que? Porque se passou do texto latino que tinha sido declarado infalível por um papa, mas logo o seguinte papa romano teve que o corrigir e logo outro e outro.  No fim se aceitaram as traduções vernáculas; antes se proibiam as traduções vernáculas. Por exemplo, no Concílio de Trento se proibiam, no Vaticano II se permitiram; ou seja que houve um processo, uma evolução e um aproximar-se melhor aos originais.


ENTORNO DO TEXTUS RECEPTUS


Erasmo, para a época dele, quando ainda a arqueologia e a ciência bíblica não estavam muito avançadas, teve poucos manuscritos à mão para fazer sua edição do texto grego; ele usou manuscritos tardios, manuscritos minúsculos que são a partir do século X, XI, XII, XIII, XIV e XV. Para o texto que estamos estudando, o Apocalipse, ele somente tinha à mão um manuscrito, que era o códice cursivo minúsculo número 1, que era incompleto em Apocalipse, a parte final desde o capítulo 22; ele teve que traduzir do latim ao grego para poder ter o texto grego; mas o texto grego da última parte dessa edição de Erasmo, não era o texto grego de João, mas a tradução ao grego de Erasmo.  Não é uma fraude, não; ele estava tratando de fazer o melhor, pôr ao alcance das pessoas o texto grego; ou seja, foi um avanço com respeito à Vulgata Latina; entretanto, ele foi sincero, ele explicou qual era o códice no qual se apoiou; para o Apocalipse só teve um códice incompleto e tardio; depois, claro, a arqueologia começou a descobrir mais textos e foram descobrindo se muitos textos, mais antigos que os tardios, que os da época do Renascimento; então, claro, à luz da comparação com textos mais antigos, podia-se descobrir se os textos mais tardios tratavam o texto fielmente, ou se tinham feito alguma nota ou acréscimo, se tinham incluído um comentário; se às vezes haviam trocado uma palavra por outra.  Às vezes não é com má intenção que um copista trocava a palavra; às vezes outro lhe ditava, e nesse tempo não tinham luz elétrica, então à luz de suas tochas, o outro, talvez ouvia uma palavra parecida; porque eu sei, às vezes eu mesmo estou falando e está sendo gravado, mas às vezes o que se ouve, se ouve uma palavra diferente da que se fala; então enquanto um ditava ao copista, o copista ouvia errado e escrevia um pouco parecido; e justamente hoje vamos nos encontrar com um caso assim no versículo 7; e então foram descobrindo-se mais manuscritos; agora, do Novo Testamento há mais de 5000 manuscritos anteriores; então o trabalho de poder fazer uma crítica, ou seja, uma comparação dos manuscritos, para ver qual é o texto mais antigo, o que era o que os manuscritos mais antigos diziam, se concordam com os tardios ou não, se houve algo que foi adicionado, algo que foi tirado, ou se permaneceu igual, essa é a ciência da crítica bíblica, da chamada  “Baixa Crítica”.  Espero que isto não seja muito pesado para os irmãos, porque isto é o normal; não vão se escandalizar com estas coisas, entendem, irmãos?


Eu acredito na inspiração da palavra de Deus, mas tenho que ser sincero sobre a palavra, quando Paulo escreveu uma carta a Timóteo, ele não escreveu a Bíblia; escreveu uma carta a Timóteo; logo Timóteo permitiu que a igreja em Éfeso fizesse uma cópia, e logo depois dessa cópia fizeram três cópias; e dessas três fizeram dez, e nesse processo pode ser que alguém tivesse cometido um engano, porque os copistas não são inspirados; nós cometemos erros. Por exemplo, eu revisei esse folhetinho que dava a vocês de Cristo na Eternidade; revisei-o várias vezes, mas depois de que já estava impresso, encontrei vários enganos; e um engano que é tão simples: cita-se um versículo de Isaías, ali nesse folhetinho, onde diz: “Filho nos é dado”, e entretanto, em “nos é dado”, a letra “s”, o diabo, em algum erro que a máquina escreveu, tirou o “s” e diz: Filho não é dado; fica, pois, a idéia contrária; mas todos sabemos que é uma citação de Isaías e que foi um engano involuntário.  Outro engano: ali onde fala de Platão e Aristóteles, houve um lapso, e em vez de atribuir a Academia a Platão e o Liceu a Aristóteles, atribuímos o Liceu a Platão e a Academia a Aristóteles; ou seja, houve um lapso; depois alguém  lê e se dá conta de que houve um lapso; assim que os rogo que tenham em conta esse lapso quando lerem isso no folheto.  É somente um exemplo, até querendo fazer as coisas bem feitas e as fazendo com diligência e as revisando várias vezes; mesmo assim às vezes penetram uns errinhos.


Então quando estou falando do Textus Receptus não estou falando com um mal espírito; não quero falar em forma de crítica contra os irmãos que fizeram esse trabalho.  Erasmo fez um grande trabalho; ele fez avançar as coisas para pôr ao alcance das pessoas o texto grego, porque antes só se podia ler no latim da Vulgata; mas o original não era em latim; o original era em grego. Se dão conta? Ele fez uma grande coisa; agora, sobre da Reina e Valera, que eram, Reina do ano 1569, e Valera de 1602, o texto em grego que eles tinham à mão era o do Textus Receptus de Erasmo, apoiado em textos tardios, inclusive o Apocalipse de um só manuscrito, o códice 1, que é como do século XV, onde ele teve que suprir o grego da última parte.


Quando Reina (e depois Valera) fez a tradução, ele se apoiou no Textus Receptus. Irmãos muito queridos hoje publicam uma tradução do Textus Receptus; não quero criticar as pessoas; o que quero é que os irmãos saibam as coisas reais.  Ali diz: Apoiada na tradução original de Textus Receptus, mas se acrescenta uma mentirinha, que não é com má vontade que se acrescentou; diz: o texto da igreja primitiva. Isso é mentira; o Textus Receptus é da igreja renascentista e não primitiva; os textos da igreja primitiva recém se conhecem agora melhor.  Existem, por exemplo, institutos cuja função é recolher os manuscritos antigos e compará-los uns com outros; existe na Alemanha um Instituto, o de Münster; os que têm lido a Isagoge de Tiago e a Isagoge de Apocalipse, lembram que mencionei o Instituto para a investigação do texto bíblico de Münster, uma cidade da Alemanha, onde têm feito um trabalho erudito sem tomar partido; eles simplesmente contam as coisas como são, e isso é o que eu quero lhes apresentar aqui; não tomar partido,mas lhes contar os fatos reais do texto para que meus irmãos tomem cada um sua posição.  Não vamos impor um texto tardio nem um adiantado; vamos dizer o que diz tal, de que época é e o que diz outro mais antigo. O que diz? Simplesmente, para que conheçam a realidade do campo, sem impor nenhuma interpretação.





COMPARAÇÃO DE TODOS OS MANUSCRITOS


Por que temos que ser delicados nisto e especialmente em Apocalipse? Vocês nunca tinham me visto fazer isto, mas agora sim.


 Sabem o que diz Apocalipse? Que aquele que adicionar algo, lhe será acrescentado as pragas que estão escritas nesse livro; e ao que lhe tirar, se lhe tirará sua parte da árvore da vida; então o que tem que fazer? Fazer a investigação mais séria, mais responsável possível, e ir aos manuscritos mais antigos, aos medievais, aos renascentistas, a edições da imprensa, para ter os fatos claros; de forma que eu não vou decidir por vocês; só vou lhes dizer os fatos e você vai decidir por você mesmo, Amém?  Por isso é que faço isto; porque ao ler uma passagem que vou ler aqui, vou ter que lhes dizer: esta frase que aparece aqui em Reina-valera, aparecia no manuscrito que tinha Erasmo, que era tardio no século XV, mas em nenhum dos outros mais antigos aparecia. O que aconteceu? Foi que os outros se equivocaram? Talvez um escriba acrescentou para querer explicar algo com boa vontade; não era para adicionar a palavra; era para explicar uma frase que podia parecer obscura; lhe acrescentava uma coisinha, o escriba acrescentava algo, mas só aparece nesse manuscrito ou em alguns outros que foram copiados desse, mas não aparece nos anteriores. Entendem, irmãos?  Então tem que se tomar cuidado com isso.  Depois edições críticas se publicaram; por exemplo, esta edição crítica que tenho aqui, esta edição vermelha, é dos últimos eruditos e do Instituto de Münster, este Instituto que lhes disse e que vocês podem ver. Vou pedir aqui a meu irmão Jorge, que sabe grego, e a Marlene, que sejam testemunhas; esta edição do Instituto para a investigação Textual do Novo Testamento de Münster, Westfália, e os eruditos são Aland, dos últimos, Martini, Metzger e Karavi Dopoulos, que são das pessoas mais eruditas nisto, e não são só de um grupo, mas sim uma equipe de diferentes congregações e de diferentes denominações, de maneira que não é um texto tendencioso, mas sim um texto científico. Neste texto, agora que vou ler, vou comparar o que diz o texto da tradução de Reina-valera, que se apóia no Textus Receptus da época de Erasmo, quando não se conheciam manuscritos mais antigos como agora se conhecem. Entendem, irmãos?  Por isso lhes fiz toda essa explicação para que quando meus irmãos estiverem agora lendo a Bíblia, vejam por que determinado versículo o ponho entre parêntese; não é à palavra de Deus à que ponho entre parêntese; não, é que comparando os manuscritos antigos, este tal ou qual manuscrito tardio tem isto e os outros não o têm; vocês tem que saber; a palavra de Deus é inspirada, mas os copistas não; por isso tem que comparar suas cópias; não os tradutores, por isso terá que comparar as traduções.  Não me entendam mal; ao não reconhecer eu a inspiração dos tradutores e dos copistas, não estou negando a inspiração do original; mas para descobrir o texto original, tem que se comparar todos os manuscritos havidos e por haver, especialmente os manuscritos mais antigos. Me entendem, irmãos? É uma coisa correta o que está se fazendo; não é algo contra a Bíblia, mas sim a favor da palavra do Senhor.


Outro texto que tenho aqui é a edição crítica do Wescott e Hort, famosos críticos textuais.  Aqui tenho aberta outra edição de outra equipe de eruditos; tenho a edição crítica aberta; esta também é uma edição crítica; uma edição crítica não é como esta, que é uma tradução onde não se diz o que diz tal manuscrito e tal outro; uma edição crítica é uma edição imparcial. O que quer dizer imparcial? Te diz: tais manuscritos dizem assim, tais outros dizem assim, a tais falta isso, a tais foi adicionado isto; essa é uma edição crítica; essa é uma edição imparcial. Entendem, irmãos? Não uma tradução tendenciosa. Este outro que tenho aqui e que o aprecio muito, é a última edição da Bíblia grega e hebraica, com todo o aparato crítico; vocês a podem ver aqui nestas partes em baixo; por exemplo, se aqui o versículo disser tal, se determinado manuscrito diz diferente, então aqui no rodapé da página diz: o manuscrito tal diz assim, tais manuscritos o dizem assim, tais manuscritos têm esta variante, tais não a têm.


Então, assim ao comparar-se tudo, se consegue conhecer algo mais; e esta que tenho aqui com o interlinear é a de Nestlé-Aland, das últimas mais valorizadas. Depois dessa vem esta vermelha primeira; e esta que tenho aqui azul, é a de Champlin, outro erudito que editou uma edição crítica e nessa edição crítica ele explica qual poderia ter sido a causa das diferenças de um com outro manuscrito. Isto vou ter que fazer assim ao longo da exegese de Apocalipse pela delicadeza que existe com este livro; com toda a Bíblia é delicado, mas muito mais com este livro que diz que não se lhe pode adicionar nem tirar; então quando você compara versões, aí te encontra com algumas versões que têm algumas frases que outras não têm; de maneira que terá que saber por que é isso, de onde vem isso, porque tais versões não dizem essa frase e outras sim o dizem.  Então, para que você não seja o responsável por adicionar nem tirar, você tem que conhecer os fatos reais, como são. Amém, irmãos? O texto é inspirado, mas não os tradutores, nem os copistas; aos copistas terá que criticá-los, não no sentido negativo, mas sim no de fazer um exame cuidadoso, responsável, sério; é o que procuramos fazer aqui. Tenho aqui abertas a versão do Textus Receptus, a versão Nova Versão Internacional, e a Reina-valera; e aqui as edições críticas diferentes de distintas equipes que têm feito este trabalho, independentemente uns e outros e em diferentes épocas, para poder chegar a esse texto.


VARIAÇÃO TEXTUAL


Vamos ler Apocalipse 1:4-8, que é a passagem que vamos considerar sobre a saudação de Deus às Igrejas em Apocalipse, através de João. Vou ler conforme a Reina-valera de 1960, que é uma tradução espanhola, várias vezes revisada, que se apoiou no Textus Receptus da época do renascimento.  O Textus Receptus do Apocalipse era um só manuscrito que Erasmo usou , o códice 1, cursivo minúsculo; daí vem esta tradução; depois compararemos o que era que diziam os outros manuscritos mais anteriores:


“4 João, às sete Igrejas que estão na Ásia: Graça e paz a vós, da parte daquele que é; que era e que há de vir, e dos sete espíritos que estão diante de seu trono; 5 e de Jesus Cristo a testemunha fiel, o primogênito dos mortos, e o soberano dos reis da terra. Ao que nos amou, e nos lavou de nossos pecados com seu sangue, 6 e nos fez reis e sacerdotes para Deus, seu Pai; a ele seja glória e império pelos séculos dos séculos. Amém. 7 Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os que lhe traspassaram; e todas as tribos da terra farão lamentação por ele. Sim, amém. 8 Eu sou o Alfa e o Ômega, princípio e fim, diz o Senhor, que é e que era e que há de vir, o Todo-poderoso”.


Esse é o texto da tradução de Reina-valera, da revisão do ano 1960.  vou dizer os dois pontinhos em que este texto difere dos manuscritos mais antigos, segundo esta pilha de edições críticas que temos aqui na mesa e segundo outras traduções em espanhol. 


Antes de fazer a exegese temos que saber qual é o texto mais puro.  Onde diz: “João, às sete Iglesias que estão na Ásia: Graça e paz a vós”, ou seja, todo o verso 4, não apresenta dificuldade; no verso 5 se apresenta uma pequena dificuldade por causa do que lhes disse, que há palavras que ao pronunciar-se soam parecidas com outras.  


Aqui onde diz: “e nos lavou de nossos pecados com seu sangue”, onde diz “lavou”, outros manuscritos mais antigos dizem: “liberou-nos de nossos pecados com seu sangue”.  Por exemplo, aqui tenho a tradução da Nova Versão Internacional, e nesse verso 5, diz assim: “e de parte de Jesus Cristo a testemunha fiel, o primogênito da ressurreição, o soberano da terra. Ao que nos ama e que por seu sangue nos livrou de nossos pecados”; esta tradução nesta passagem, é mais exata com os manuscritos mais antigos; a diferença está nas palavras: lavou e livrou. Lavou se escreve em grego com “ou” e livrou se escreve só com “u’, mas o “ou” e o “u” se pronunciam como u.  


Então, possivelmente ao pronunciar alguém só com “u”, o escritor ao ouvir, pensou talvez que era um “ou” e lhe pôs o “ou’; então trocou a palavra livrou por lavou; mas este verso diz mais com livrou que com lavou, porque lavar é uma parte da obra do Senhor; lavar os pecados é o perdão; mas livrar do pecado é mais que lavar. Livrar é te apartar dele; não só que te perdoa, mas também te separa; por isso a tradução aqui, livrou, é um pouquinho melhor que lavou.

A outra passagem onde há uma dificuldade é no versículo 6, onde diz: “e nos fez reis”.  A palavra não é “reis” no plural, mas sim nos fez “reino”, e reino é mais que reis, porque reis são muitos individuais, mas todos os reis em comum acordo é “reino”. A palavra “reino” é mais exata que “reis” e isso é o que dizem os textos aqui que lhes vou mostrar para que os irmãos possam ver.


O outro assunto está no verso 8, aqui onde diz: “Eu sou o Alfa e o Ômega”.  Essa palavra "princípio e fim” não aparece na maioria dos manuscritos antigos; aqui vocês podem comparar o verso 8, e diz assim: “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, que é e que era e que há de vir, o Todo-poderoso”.  Podem olhar aqui o verso 8, outra testemunha; ele está olhando na edição de Münster e aqui está olhando a de Wescott e Hort; o verso 8, diz aqui: “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus”; não diz princípio e fim. Claro que em outras passagens se diz, em outros versículos se diz que é o princípio e o fim, o primeiro e o último; então possivelmente algum escriba, fez para que alguns entendessem o que quer dizer com o Alfa e o Ômega, e como em outras partes ao mencionar Alfa e Ômega acrescentou princípio e fim, também o acrescentou aqui; mas esse foi um trabalho de um escriba muito bem intencionado; mas isso aparece em uns poucos manuscritos, não na maioria nem nos mais antigos; claro, não se está tirando que Jesus Cristo é o princípio e o fim porque em outra parte o diz; aqui está se tratando, antes da exegese, da crítica textual. Para poder ter a base de uma exegese correta terá que se fazer crítica textual às traduções e às edições, não à Bíblia, não à palavra de Deus. Entendem? E aqui no verso 8 onde diz: “Diz o Senhor”, a maioria dos manuscritos mais antigos dizem: “O Senhor Deus”, referindo-se ao Pai; ali você o pode ver, diz: “O Senhor Deus”; diz: Kuryos ho Teos; o mesmo diz aqui no verso 8; diz: “Kuryos ho Teos”, o Senhor Deus; essa parte, Deus, a tirou desta tradução. Entendem? Ali diz: “O Senhor Deus”; aqui também diz; todas estas que tenho aqui dizem assim; já revisei; por isso qualquer que queira atestar pode ver; aqui as tenho abertas e tenho duas testemunhas próximas e os que quiserem revisar depois, podem fazer. Essas são as únicas variantes que tem que se ter em conta para fazer a exegese deste pedacinho que vamos fazer hoje.


A EXEGESE DA SAUDAÇÃO


Agora sim passamos da parte crítica textual à parte de exegese, que é a mais importante; mas não se pode fazer uma exegese sem ter o texto mais puro, especialmente se for de Apocalipse, Livro que não tem que se adicionar nem tem que se tirar nada. Amém? Passemos a exegese.  “João, às sete Igrejas que estão na Ásia”. Interessante comparar a saudação de João com a saudação de Paulo. Paulo dizia: Paulo, à igreja dos tessalonicenses em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo, graça e paz. Aqui também diz João: às sete Igrejas: graça e paz; só que Paulo dizia: Graça e paz de Deus o Pai e de nosso Senhor Jesus Cristo; em contrapartida aqui João, que está completando a revelação, porque Apocalipse é uma completação, se você tira Apocalipse da Bíblia, fica sem terminar a Bíblia; você tem onde começou a coisa e como vai, mas não sabe no que vai terminar. É muito interessante ver e comparar as saudações de Paulo com as saudações de João. A saudação de João está quase semelhante à de Paulo, mas tem umas diferenças; olhem como diz João aqui: “João, às sete Igrejas que estão na Ásia (já voltaremos para essa frase): Graça e paz a vós (e em vez de dizer do Pai, diz), do que é e que era e que há de vir (e logo em vez de continuar com o Filho, segue com o Espírito e apenas depois com o Filho, e diz), e dos sete espíritos que estão diante de seu trono, (ou seja, põe o Espírito depois do Pai) e de Jesus Cristo a testemunha fiel, o primogênito dos mortos e o soberano dos reis da terra”; ou seja que vocês se dão conta de como João completa as coisas em Apocalipse, mas ressalta ao Espírito de uma maneira misteriosa.


No Antigo Testamento quase sempre se via o Pai e apenas se profetizava do Filho, do Messias. No Novo Testamento, agora a ênfase é o Filho; e se vocês lerem os evangelhos é sobre o Filho; se lerem as epístolas, é explicando a obra do Filho; claro que se menciona a obra do Espírito Santo; mas quando se fala da culminação do programa de Deus, o Espírito é ressaltado de uma maneira muito forte; agora se fala do Espírito de maneira muito especial no Apocalipse; em outras partes se fala do Espírito, mas aqui se fala dos sete espíritos de Deus; e o Espírito e a esposa dizem; assim diz o Espírito; essa ênfase no Espírito é muito notória no Apocalipse.  Não quer dizer que o Pai ficou de lado, mas sim na economia do programa de Deus, o Pai tem algo que fazer, o Filho tem algo que fazer e o Espírito tem algo que fazer; mas o Espírito é o que leva à consumação o programa. Primeiro o Pai é o originador e Ele envia ao Filho, mas agora o Filho envia o Espírito; então não pode faltar uma ênfase na obra do Espírito no Apocalipse; e aqui essa ênfase se nota na mudança de ordem. Quando vocês lêem Mateus diz: No nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Paulo diz: Graça e paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo; não menciona o Espírito; claro que ele fala no Espírito e às vezes menciona o Espírito nas cartas, mas aqui João diz: “Graça e paz” do Pai, mas agora como que revela o Pai com mais detalhe: que era, que é e que há de vir; notem que tudo começa de cima; esta é a saudação; a saudação de João não parte de João; João não está falando dele; é graça e paz de quem? Do que era, que é e o que há de vir; ou seja, está apresentando ao Deus eterno.


A ORDEM DA ECONOMIA DIVINA


Notem como começou o Apocalipse: “A revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu”; ou seja, do Pai passa para o Filho; Deus lhe deu. Irmãos, quando o Senhor Jesus se despojou de Sua glória e se fez homem, Ele declarou já nessa situação de humilhação, de despojamento, dizendo: o Pai é maior que eu. Não estou falando da divindade; estou falando da posição do Filho humilhado e submetendo-se a seu Pai e pondo ao Pai como cabeça; e por isso diz que o Deus Pai é a cabeça de Cristo; então aparece o Filho recebendo do Pai; isto é uma revelação que culmina a Bíblia; e aqui aparece a vinda do Senhor, e Jesus mesmo disse, como registra Marcos, disse em sua condição de despojamento, de humanidade e de humilhação; Ele disse: “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem mesmo os anjos que estão no céu, nem o Filho, a não ser o Pai” (Marcos 13:32).  Jesus ensinou que só o Pai conhece o fim e a hora final; só o Pai.  Em Atos 1:6-7 aparece quando os apóstolos lhe perguntaram na ressurreição: “6 Senhor, restaurará o reino a Israel neste tempo?” O que disse o Senhor Jesus?  “7 Não compete a vós saber os tempos ou as épocas, que o Pai pôs em sua exclusiva autoridade”; ou seja que o próprio Filho diz que isso sobre o tempo e as épocas Ele deixou para ao Pai; Ele não se preocupa por isso; e por isso diz: “A revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu”. Jesus Cristo sempre toma a atitude de Filho, sempre reconhece a Seu Pai como Seu Deus e Seu Pai, e sempre o honra e sempre lhe é fiel; essa é a atitude de Jesus Cristo, por isso diz: Deus lhe deu; isso nós não saberíamos se o próprio Filho não o tivesse revelado; mas Ele o declarou assim dessa maneira, por meio de Seu anjo, a Seu servo João. Amém? Essa ordem é interessante ter presente; essa ordem não é em relação à essência divina, mas sim da economia divina; a essência divina é imutável e o Verbo é Deus; quanto a essência o Verbo é igual ao Pai; o Verbo é também Deus com o Pai; mas na economia divina, ou no trabalho de Deus na administração, o Pai é a cabeça e o Filho é o enviado e o representante e a testemunha; e o Espírito é o agente; nada se faz a não ser pelo Espírito; o Pai o faz pelo Filho e o Pai e  o Filho o fazem pelo Espírito; por isso é que aparece o trono; mas diante do trono aparecem os sete espíritos, que é como dizer: a plenitude do fluir do Espírito para a obra de Deus; então por isso aparece aqui o Espírito “do que é, que era e que há de vir e dos sete espíritos que estão diante de seu trono, e de Jesus Cristo”; aí aparece o Filho; mas notem que entre o Pai e o Filho, o próprio Deus, por Jesus Cristo e o anjo, colocou o Espírito neste caso, de uma maneira ressaltada. Se deram conta? Aparece o Filho em terceiro lugar aqui, porque ele se humilhou e se fez homem: “testemunha fiel, o primogênito dos mortos, e o soberano dos reis da terra”.


O ESPÍRITO SÉTUPLO


Vou me deter um pouquinho no assunto do Espírito; aqui se chama os sete espíritos que estão diante de seu trono. Vamos um pouco ao profeta Isaías.  Em Isaías 11, olhem como se fala do Espírito de uma maneira sétupla; vocês recordam que na vez passada lemos algumas citações que Irineu fazia sobre o Apocalipse. Irineu interpretava estes sete espíritos desta maneira que aparece aqui em Isaías. 


Isaías 11:1-2: “1 Do tronco de Jessé sairá um rebento, e de suas raízes, um renovo”.Essa é uma profecia a respeito de Cristo; mas agora olhem como o Cristo aparece ungido pelo Espírito em forma sétupla ou setiforme; olhem o verso 2: “E repousará sobre ele o Espírito de Jeová”; então observem que mencionou em forma global, o Espírito de Jeová; ou seja, em essência o Espírito é um; em pessoa o Espírito é um; mas sua função é sétupla, sua manifestação é sétupla; também seus frutos são multiformes, também suas manifestações são multiformes; é um Espírito mas que aparece multiplicado. No castiçal o azeite que o alimentava era um só, mas aparecia em sete lâmpadas; agora, essas lâmpadas do castiçal estão ali porque a Moisés foi mostrada a realidade, e logo lhe foi dito que fizesse o modelo na terra, conforme o que tinha visto no monte; ou seja que Moisés viu o que João viu, mas Moisés fez uma figura; João descreve as coisas que Moisés viu e que ele viu.  Diz o verso 2: “E repousará sobre ele o Espírito de Jeová”; então aqui aparece o Espírito de Jeová em Sua unidade essencial, na unidade de Sua pessoa; mas agora olhem como o Espírito sendo um aparece em sete, assim como a luz branca através de um prisma se decompõe em sete cores; deste modo o Espírito de Deus se manifesta em forma multiforme. Diz: “espírito de sabedoria e de entendimento, (aí vão dois) espírito de conselho e de poder, (aí vão quatro) espírito de conhecimento e de temor de Jeová”. Aí vão seis, e Espírito de Jeová ao princípio que é o cano central que une tudo, é sete; ou seja que o Espírito único aparece aqui revelado em sete. Espírito de Jeová, espírito de sabedoria e de entendimento, espírito de conselho e de poder, espírito de conhecimento e de temor de Jeová; aí estão os sete: no castiçal, o cano central, Espírito do Jeová, para a direita três, para a esquerda três; seis e com o do centro são sete.


Vamos ver um pouco mais a respeito disto que diz aqui do Espírito. Voltemos ali para o capítulo 1 de Apocalipse: “e dos sete espíritos que estão diante de seu trono”; aqui João está escrevendo quando ele já viu as coisas. Primeiro ele viu as coisas, e depois que ele viu, ele escreveu; claro, quando a gente começa a ler sem ter visto, e João começa a dizer: que é, que era e que há de vir, e os sete espíritos que estão diante de seu trono e de Jesus Cristo, notem que põe o Espírito sétuplo no nível do Pai e o Filho; porque é que alguns interpretaram estes espíritos como os sete arcanjos; mas não se pode pôr no mesmo nível. Se Jesus Cristo houvesse dito assim: Batizem no nome do Pai, do Filho e de São Pedro, pois, São Pedro é muito querido, mas não podemos pô-lo no nível do Pai e do Filho; ou batizem no nome do Pai, do Filho e do arcanjo Miguel; não, não se pode equiparar o arcanjo Miguel ao Pai e ao Filho; pode-se pôr no nível de Gabriel e se quiser com o Uriel, Rafael, Sariel, Ragüel e Remiel, os sete arcanjos, apoiado no livro de Enoque, onde aparecem esses arcanjos; mas aqui aparece co-numerado o Espírito sétuplo junto com o Pai e o Filho; portanto, não podemos interpretar os sete espíritos como sete arcanjos como faz o esoterismo.


Vamos ver outras passagens onde se fala destes sete espíritos para que se dêem conta que se refere ao Senhor mesmo; lógico que aqui aparecem de uma maneira que irrompem de repente, porque João começa dizendo: João, às sete Igrejas que estão na Ásia, daquele que era, que é, e que há de vir, e dos sete espíritos que estão diante de seu trono e de Jesus Cristo, tal e tal. Claro, para nós ele mencionou algo estranho; nunca nenhum profeta tinha falado assim, pois Isaías um pouquinho, o que acabamos de ler, mas não dessa maneira tão descritiva; nenhum dos apóstolos, nem os evangelhos, nem as epístolas; mas João fala assim. por que? porque no capítulo 4 ele o viu assim. Olhem o que diz no capítulo 4; vamos ler do verso 2: “2 E imediatamente eu estava no Espírito; e eis aqui, um trono estabelecido no céu, e no trono alguém sentado. 3 E o aspecto daquele que estava sentado era semelhante a pedra de jaspe e de sardônio; e havia ao redor do trono um arco íris, semelhante em aspecto à esmeralda”. Então aí está o trono de Deus, aí está vendo o governo de Deus, aí aparece o trono do criador, de Deus. “4 E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos”. Vocês recordam que em Colossenses diz que em Cristo foram criados tronos, domínios, principados, potestades. A primeira coisa que menciona em Colossenses são tronos; olhem por favor em Colossenses para que isto fique claro. A primeira coisa do reino do mundo invisível depois do próprio Senhor são estes tronos.


Lemos Colossenses 1:16: “Porque nele foram criadas todas as coisas, as que há nos céus e as que há na terra, (e quando começa a descrever as coisas criadas, claro, não vai pôr ao Pai, nem ao Filho, nem ao Espírito Santo que não são criados, mas quando descreve as coisas criadas, diz: “as que há nos céus e as que há na terra, visíveis e invisíveis; (e começa:) sejam tronos, (é primeira coisa que menciona, tronos, logo) sejam domínios, (logo) sejam principados, (logo) sejam potestades”; de todas estas hierarquias a que menciona primeiro quanto a governo, são os “tronos”, e esses tronos aqui em Apocalipse são vinte e quatro; por isso depois do trono menciona no capítulo 4:4, os vinte e quatro; por isso diz: “4 E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi sentados nos tronos a vinte e quatro anciãos, vestidos de roupas brancas, com coroas de ouro em suas cabeças”.  Aí está mostrando a administração do mundo invisível; aí está o trono de Deus e ao redor outros tronos que são de vinte e quatro anciãos; mas o que havia diante? Já não ao lado, mas à frente; porque recordam que do trono de Deus saía um rio de fogo que saía à frente e aqui aparece que do trono saía um rio de fogo. Vocês recordam o que está em Daniel 7?  Então diz aqui: “5 E do trono saíam relâmpagos e trovões (agora aqui vai descrever mais o trono) e vozes; e diante do trono ardiam sete tochas de fogo, os quais são os sete espíritos de Deus”. Isto foi o que João viu.


UM CORDEIRO COMO IMOLADO NO TRONO


Depois no capítulo 5 seguiu descrevendo o trono, depois descreve os serafins, os querubins, os milhares de milhares; mas logo no capítulo 5 aparece o Cordeiro imolado, o Leão da tribo de Judá. Você ouviu que Paulo falasse do Leão da tribo de Judá? ou Pedro, ou Mateus? Só João completa a profecia de Gênesis; Apocalipse completa a Bíblia. Não podemos deixar  Apocalipse de lado; se tirarmos Apocalipse a Bíblia fica sem terminar; tudo termina em Apocalipse. João foi elevado a ver não só esta atmosfera mas também o mundo invisível e viu o trono de Deus e os vinte e quatro tronos ao lado, mas diante de Deus viu as sete tochas de fogo, que não só é fogo, são os sete espíritos de Deus em forma de fogo, porque diante do trono diz que saía um rio de fogo.  Há sete tochas de fogo diante de Deus, que são os sete espíritos de Deus; isso o viu João e ele recebeu a comissão do Pai, do Espírito e do Filho; recebeu a comissão e por isso no capítulo 1, diz: João, às sete Igrejas: graça e paz da parte do que é e que era e dos sete espíritos que estão diante do trono e do Cordeiro; ele não tem a mesma ordem, porque o que foi mostrado no capítulo 4, foi primeiro o trono do Pai e o Espírito; no 5 foi que apareceu o Cordeiro como imolado, ressuscitado, o primogênito dos mortos; quanto à economia de Deus aparece depois. Então na mesma ordem que foi revelado a ele, o Pai primeiro e diante dele o Espírito e depois no 5 aparece o Cordeiro, nessa ordem é que ele fala. “João, às sete Igrejas: graça e paz da parte do que é e que era e que há de vir e dos sete espíritos que estão diante de seu trono, e de Jesus Cristo a testemunha fiel”; e diz o que fez Jesus Cristo, nos ama, nos livrou de nossos pecados com seu sangue e nos fez reino e sacerdotes para Deus Seu Pai; essa é a saudação de João, mas não só de João; é a saudação do céu às Igrejas; é a saudação do trono a nós; isto foi revelado a nós seus servos.  Irmãos, temos que nos pôr receptores do trono; nós somos os receptores; é para nós que isto é. Amém, irmãos? Mas como viu João? Viu-o nessa ordem e por isso nessa ordem o descreve.


No capítulo 3, verso 1, diz: “Escreve ao anjo da igreja em Sardes: O que tem os sete espíritos de Deus, e as sete estrelas, diz isto”.  Observem que Jesus Cristo, quando fala a  João para a igreja em Sardes, Jesus Cristo mesmo diz que ele tem os sete espíritos de Deus; agora é Jesus Cristo mesmo o que se revela como o que tem os sete espíritos. Agora, vão ver que isso que Jesus Cristo disse e que assim apresentou a João, assim foi como Deus o mostrou no trono. 


Vamos ao capítulo 5 de Apocalipse onde aparece ele mostrado no trono; diz o verso 6: “E olhei, e vi que no meio do trono e dos quatro seres viventes, e no meio dos anciões, (ou seja, no centro) estava em pé um Cordeiro como imolado, que tinha sete chifres, e sete olhos, os quais são os sete espíritos de Deus enviados por toda a terra”.  Então aqui Jesus Cristo aparece como com sete olhos e diz que esses sete olhos são os sete espíritos de Deus; não são criaturas, são os mesmos olhos de Cristo. Agora aqui aparece o Cordeiro com sete chifres; os chifres na Bíblia representam o poder. Por exemplo, diz que os dez chifres da besta eram dez reis; ou seja, o poder da civilização humana, o poder político está representado em uns chifres; e diz que saiu um chifre pequeno que é o anticristo e brigou com outros chifres e derrubou três chifres; esses chifres representam o poder; mas quem tem a plenitude do poder?  Jesus Cristo. Toda a plenitude do poder; “todo poder me é dado nos céus e na terra”. Ele  não disse assim? Todo poder  me é dado nos céus e na terra; ou seja que Ele tem a plenitude do poder; portanto, o Cordeiro tem sete chifres, a plenitude do poder; sete chifres. Mas Ele também tem sete olhos; esses sete olhos representam também a onisciência de Deus; notem que antes os sete olhos aplicam-se a Jeová, o Pai do Antigo Testamento; mas agora aparecem no Filho porque o Pai se revela pelo Filho e se administra pelo Espírito, porque é um só Deus dispensando-se ou administrando-se. Vejam outra vez aqui o verso, o 6: “um Cordeiro como imolado, que tinha sete chifres, e sete olhos, os quais são os sete espíritos de Deus enviados por toda a terra”. O viram? Isso é para entender esse verso 4 e 5 do capítulo 1 de Apocalipse.


Vamos a Zacarias; porque eu vos disse na vez passada que em Apocalipse estão os terminais de toda a Bíblia; ou seja que o que aparece em Apocalipse, já teve seu início de revelação nos livros anteriores, mas se completa essa revelação em Apocalipse. Agora vamos ver que foi já em Zacarias quando se iniciou esta revelação dos sete olhos de Jeová, que agora os têm o Cordeiro e que é o Espírito multiplicado.  Porque o Espírito ungiu a quem? A Jesus. “O Espírito de Jeová está sobre mim”.  O Espírito de Jeová é espírito de sabedoria, de conhecimento, etc, os que acabamos de ver ali. Vamos a Zacarias capítulo 4, mas antes de ver no capítulo 4, olhemos o do capítulo 3 para entender o do 4.  Zacarias 3:8: “Escuta pois, agora, Josué sumo sacerdote; (este Josué sumo sacerdote era da época de Zorobabel, da reconstrução do templo) você e seus amigos que se sentam diante de ti, porque são varões simbólicos. Eis aqui, eu trago o meu servo, o Renovo”. O Renovo, é o rebento; refere-se a Cristo; Ele é o Renovo; Ele é a vara de Isaías; este se chama o Renovo; refere-se a Jesus Cristo.  Mas olhem o que faria Jesus Cristo, verso 9: “Porque eis aqui aquela pedra que pus diante de Josué”.  Josué é o sumo sacerdote, figura de Cristo; foi posto diante de Josué uma pedra; essa pedra é para edificar; ou seja, o que o Filho tinha que fazer é edificar a Igreja; então diante de Josué havia uma pedra. O que tem que fazer com essa pedra? Diz o verso 9: “sobre esta única pedra há sete olhos; eis aqui eu gravarei sua escultura, diz Jeová dos exércitos”. Isso se refere à idade da Igreja. O Senhor esculpindo nessa pedra; essa pedra está diante de Josué; essa é a edificação da Igreja, mas sobre essa pedra há sete olhos, os sete olhos de Jeová que percorrem toda a terra, olhando como edificam.  Irmãos, o que é  que Deus está olhando na terra? Para que existe humanidade? Para que se vá ao inferno? Para que haja Igreja!  diante de Josué há uma pedra que tem que ser esculpida; então os sete olhos de Deus estão fixos ali, olhando a escultura que Deus tem que fazer. Então segue dizendo assim: “e tirarei o pecado da terra em um dia”. Depois da era da Igreja vem o Milênio, porque para o Senhor um dia é como mil anos; então o que Deus vai fazer? Primeiro vai esculpir essa pedra e depois vai tirar o pecado da terra em um dia; o esculpir dessa pedra é a era da Igreja e o dia em que o pecado é tirado é o Milênio. Isso era para ter base para entender o capítulo 4.  No capítulo 4 vocês vêem que aparece o candelabro, e o candelabro também tem sete tochas e sete canos, não é verdade?  E tem duas oliveiras ao lado; depois já voltaremos para isto, mas então saltemos ao versículo 10: “Porque os que menosprezaram o dia das pequenas coisas (quando tinha que restaurar, tudo era tão pouquinho, era pequeno, mas os que o menosprezaram não importava que fossem poucos) alegrar-se-ão, e verão o prumo na mão de Zorobabel.  (isso é para edificar; agora ele explica) Estes sete são os olhos de Jeová, que percorrem toda a terra”. Aí temos ao final do verso 10 de Zacarias 4. “Estes sete”; porque acabava de mostrar no castiçal, sete tochas e está explicando; o que é isto? Notem o que o verso 4 do capítulo 6 diz: “4 Respondi então e disse àquele anjo que falava comigo: meu senhor, o que é isto? 5 E o anjo me respondeu”; ou seja que o anjo está respondendo à pergunta de Zacarias: o que é isto que lhe foi mostrado? Um castiçal, lhe explicou o castiçal, mas lhe mostrou as sete tochas, que é a manifestação da plenitude do Espírito que é na Igreja; ou seja, no povo de Deus; quer dizer, o Espírito septiforme; mas agora diz que esses sete espíritos são os sete olhos e agora os sete olhos de Jeová; como Jeová se revela em Cristo, aparece o Cordeiro com sete olhos e esses sete olhos são os sete Espíritos de Deus. 


Então nos damos conta de que é uma maneira misteriosa de apresentar a Trindade, mas assim é, assim o revelou Deus, e tudo isto tem sentido.  Vimos estes versos, para poder entender este verso 4 que diz: “os sete espíritos que estão diante de seu trono”.  Não é algo diferente de Deus mesmo, não é algo além de Deus, é o Espírito de Deus dispensando-se, é o Espírito de Deus nos olhos de Jeová, nos olhos do Cordeiro.  Então diz: “o que tem os sete espíritos diz isto”. Quem é o que tem os sete espíritos? É o Cordeiro que tem sete olhos que são os sete espíritos; e quem é o Cordeiro? O Verbo de Deus feito carne; ou seja, Jeová, Emanuel, Jeová conosco e Jeová o que tem os sete olhos. Se dão conta, irmãos? Ou seja, que tudo isto mostra que há uma identidade.


AS SETE PROFECIAS DAS CARTAS ÀS IGREJAS DA ÁSIA MENOR


Antes de passar ao verso seguinte, nos detenhamos um pouco no verso 4 de Apocalipse 1.  Não tem que se apressar, porque assim apressados não digerimos bem; agora, que coisa curiosa! Na Ásia física não só estavam estas sete Igrejas; ali estavam também outras Igrejas: a igreja de Tróia, a igreja de Magnésia, a de Colossos, a de Hierápolis, estavam aí perto da própria Éfeso; por aí estavam e além dessas havia outras Igrejas em outras partes; e Deus está revelando a Jesus Cristo e envia esta mensagem a João; e claro, João tem que enviar às sete Igrejas. Mas será que Deus queria falar somente  com estas Igrejas? Não irmãos, estas sete Igrejas são uma profecia; tudo o que aparece aqui é profecia. Recordam que já vimos isso antes? Que este livro é uma profecia e que terá que ser interpretado profeticamente; claro que havia sete Igrejas históricas; essas sete Igrejas existiam nesse tempo; mas será que Deus queria falar só  com essas sete Igrejas na Ásia Menor? ou queria falar com todos seus servos? Acaso não diz ao final de cada mensagem a cada uma dessas sete Igrejas, “ouça o que o Espírito diz às Igrejas”? Quando você vê a mensagem a cada uma dessas Igrejas, ao final diz: “quem tem ouvido, ouça o que o Espírito diz às Igrejas”. Recordam disso? O que quer dizer isso? Que o Espírito está falando com todas as Igrejas quando manda a mensagem a estas sete Igrejas; ou seja que Deus quer falar com corpo de Cristo universal através destas sete igrejas. Isso significa que estas sete Igrejas representam toda a Igreja, representam todo o corpo de Cristo; não era só para Éfeso; claro, naquela Éfeso havia umas situações históricas que foram tratadas, mas quando Deus tratou as situações históricas daquela Éfeso, o Espírito estava falando com todas as Igrejas: Ouça; ou seja, quando ver o Senhor falando com Éfeso, o Espírito diz isso a todas as Igrejas; a mensagem do Senhor a Esmirna, é a mensagem do Espírito a todas as Igrejas; a mensagem do Senhor a Pérgamo, é a mensagem do Espírito a todas as Igrejas; e assim sucessivamente até a Laodicéia; ou seja que estas sete Igrejas, como é uma profecia, profeticamente representam a plenitude da Igreja.  O número sete é número de plenitude.  Deus fala ao corpo de Cristo, fala com a Igreja em qualquer época e em qualquer lugar, através desta profecia; ou seja que quando lemos as mensagens às sete Igrejas, é mensagem de Deus a toda a Igreja; mas as mensagens de Apocalipse 2 e 3 não falam somente às sete Igrejas; toda a profecia de Apocalipse, do capítulo 1 até o 22, toda foi mandada às sete Igrejas; ou seja que todo o Apocalipse é para a Igreja.  Claro que aquelas sete Igrejas históricas na Ásia Menor, em forma representativa da igreja universal, receberam essa mensagem; mas essa mensagem não era só para elas; sim era para elas; concretamente esses eram os problemas que tinham; os trataram; mas ao tratar Deus com eles historicamente, estava tratando profeticamente e arquetipicamente com todo o corpo de Cristo, com toda a Igreja.


Quando diz: “João, às sete Igrejas que estão na Ásia”, tem que ver outra coisa neste versículo; é que Deus não quis falar somente no sentido universal; se ele houvesse dito: João, à igreja universal, haveríamos entendido também; mas porque não quis dizer assim? Porque ele quer revelar que a realidade da igreja universal se manifesta nas Igrejas locais. A gente pode falar da igreja universal, mas se não viver a igreja em sua localidade, não está sendo o testemunho da igreja universal em seu tempo e em sua cidade ou em seu município ou localidade.  Ele não somente disse: João, à igreja universal, não; João, envia-o às sete Igrejas que estão na Ásia; e deu o nome de localidades: Éfeso, Esmirna Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia; ou seja que o Senhor vê a igreja universal nas Igrejas locais. Na administração de Deus, Deus estabeleceu um castiçal por localidade; quando Deus quer falar com sua igreja universal, encontra-a em sua localidade: em Éfeso, em Esmirna, em  Pérgamo, etc. Irmãos, porque é muito fácil falar da igreja universal assim de uma maneira mística, a igreja universal lá segundo Efésios 1, 2, 3, 4, 5 e 6, e no céu, mas a Bíblia não fala só da igreja mística universal; a Bíblia fala da igreja em Éfeso, da igreja em Esmirna, ou em Jerusalém, ou em Corinto, ou em Antioquia, ou na Babilônia, ou em Laodicéia, ou em Filadélfia; Deus não se refere nunca às Igrejas de outra maneira; Deus vê as Igrejas com sete olhos; assim como as vê aqui, assim como Deus fala, assim é como Ele vê as Igrejas; quando Ele olha uma localidade, Ele não faz distinção entre batistas, metodistas, cruzada x ou y, não; Ele olha a Seu povo, Sua igreja nessa localidade; não pense que Deus vai fazer essa diferença.  Ele quer que sejamos um, unânimes e juntos em nossa localidade, que sejamos um com todos os irmãos de nossa localidade. Irmão, falar só da igreja universal é muito fácil; onde realmente se vive a realidade da unidade do corpo é na localidade; é na localidade onde a igreja universal deixa de ser somente uma ideia e passa a ser realidade. Nós aqui somos pessoas reais, nós somos a expressão da igreja universal, aqui; a igreja universal não é somente uma doutrina eclesiológica lá nos livros de teologia, não; o Senhor não quer só bibliotecas de eclesiologia; Ele quer Igrejas, Ele quer a igreja universal aparecendo concreta em cada localidade; a soma dos filhos de Deus como um, em sua localidade; esse é Seu reino.


Imaginem que o Presidente Pastrana vai organizar seu governo aqui na Colômbia e nomeia um determinado Ministro para tal coisa, outro Ministro para tal coisa, outro para tal coisa e logo se nomeiam tais Governadores por votação popular e tais Prefeitos, mas nenhum deles conhece sua jurisdição, nem sabem para que estão aí, o que têm que representar, que linha têm que seguir; o mesmo passa com o reino de Deus. Vocês vão se encontrar aqui um pouco com a palavra não somente reis, mas também a palavra reino; e a igreja é a realidade atual do reino. Deus quer reinar em toda a terra e em cada cidade e em cada localidade; então seus filhos de cada localidade, têm que unir-se para constituir a assembléia do reino de Deus nessa localidade. Isso é algo muito concreto; porque que tal que haja a fábrica tal e o gerente não sabe que é gerente, onde começa a fábrica, onde termina, não sabe como vai fazer algo; você tem que saber porquê está em sua localidade e está com os que Deus pôs aí; vocês todos são o reino de Deus aí, vocês são a sede da embaixada do céu; mas se não pôr cuidado em que temos que ser a concretização da igreja universal em nossa localidade, onde o reino de Deus é concreto, real, visível, quem terá o testemunho?  Nós não somos somente crentes soltos, que vamos para cá, vamos para lá; claro que podemos ir onde queremos, mas temos que saber por que estamos em um lugar, com os que estamos aí. Por que Deus nos pôs juntos nessa localidade, nesse município, nesse povo, nessa cidade? Para que juntos sejamos o castiçal dessa cidade, sejamos a expressão concreta do reino nessa cidade; as pessoas têm que encontrar-se com o reino.


Se alguém quer ir para o céu, tem que tirar o visto na embaixada; e qual é a embaixada do reino? A igreja. Diz: são embaixadores de Cristo; não diz que somos embaixadores? Ninguém sabe onde fica a embaixada; ali diz igreja tal, igreja tal; qual será a embaixada? O Senhor nos disse qual era; Ele disse: a igreja em tal lugar. 


Na Bíblia você não encontra à igreja aparecendo com nenhum outro nome; na Bíblia a igreja não tem nome; o que tem nome é Jerusalém, Antioquia, Corinto, Éfeso, Esmirna; a localidade é a que tem nome; assim vê Deus a suas Igrejas; assim Ele as quer ver. Sem Apocalipse o assunto da igreja estaria incompleto; em Apocalipse é onde se revela o mistério dos castiçais; o mistério dos castiçais tem que existir de forma concreta; não somente um versículo em Apocalipse 1:20. Deus não quer somente ter um versículo na Bíblia, não; Deus quer ter a sua igreja em cada localidade como um castiçal iluminando plenamente com as sete tochas, com os sete olhos em cada localidade. Você tem que saber onde Deus te pôs  e que você sozinho não faz nada; tem que estar com seus irmãos, sendo um com eles, sendo o corpo da cabeça, que é o Senhor Jesus. Não passemos muito rápido essa frase: “João, às sete Igrejas que estão na Ásia”. Aqui se vêem as Igrejas locais sendo a concretização no tempo, na história, na geografia, da igreja universal. A igreja real não é uma teoria, a igreja real é a soma de todas as Igrejas locais; essa é a igreja real. Cada igreja local é a realidade da igreja universal; todos os que pertencem à igreja universal que estão em um lugar e em um tempo, são a igreja local desse lugar e desse tempo; não é suficiente ter comunhão assim mística, assim teológica. Somos um só corpo em Cristo, irmãos; somos um; mas seguimos atuando de forma dispersa; temos que ser a assembléia do reino de Deus aí. 


Sim, quando o Presidente ganhou as eleições, ele disse: com quais posso contar, estes vão fazer isto, estes vão estar lá; o mesmo é o Senhor. O Senhor vai pôr seu reino na terra e esse reino abre espaço através da igreja; a igreja é o começo da realidade do reino dos céus. Primeiro é a igreja; a igreja tem que entender quem é. A importância da igreja; a revelação aqui em Apocalipse se consuma; aqui está a consumação de Cristo e seu corpo, em Apocalipse. “João, às sete Igrejas que estão na Ásia”. 


Deus não quis falar da igreja universal. Deus falou da igreja local, as Igrejas locais, a igreja em cada localidade; assim é como Ele a quer ver. Não é suficiente que falemos da igreja universal; Deus quer que a igreja universal apareça concreta, unida, juntos, unânimes em cada localidade. Jerusalém, primeiro em Jerusalém, então por todas as localidades da Judéia e logo depois de Samaria, até o último da terra; então sim: “Graça e paz a vós, da parte do que é e que era e que há de vir, e dos sete espíritos que estão diante de seu trono, e de Jesus Cristo”.


Se deram conta de que antes de Deus falar, identificou-se o auditório? A quem  fala Deus? Às Igrejas. Você tem que estar na posição correta para poder receber a revelação correta e o enfoque correto, porque a mensagem dá é às Igrejas como Igrejas. Se você atuar como indivíduo, não estará na posição correta para receber a revelação; como roda solta você não receberá a revelação; você receberá a revelação do Pai, do Filho e do Espírito por meio do anjo e de João, se estiver na posição da igreja; se você não estiver na posição da igreja, não está na posição correta para receber a revelação. Uma pessoa sozinha, um cristão solto, não está na posição correta para receber a revelação; a revelação é a luz completa de Deus que está no castiçal; é somente na comunhão do corpo de Cristo em forma concreta em nossa localidade, que estamos na posição apropriada para receber a revelação, porque a revelação é aqui: às sete Igrejas que estão na Ásia. A quem fala o Espírito? Às Igrejas. Se você não estiver com seus demais irmãos na posição de igreja, não está na posição legítima para receber a revelação porque a revelação é enviada às Igrejas, o Espírito fala com as Igrejas; se você não está atuando como igreja, não está na posição de receber a revelação; a igreja concreta em cada localidade é à qual o Espírito  fala, é à qual o Espírito envia a revelação. Deus o Pai, o Filho e o Espírito enviam a revelação a cada igreja. 


Ouça o que o Espírito diz às Igrejas; a igreja em cada localidade, essa é a posição para receber a mensagem. Se chegar uma carta que diz: para o gerente, pois o varredor não a pode receber; o único que pode abrir essa carta é o gerente, não a secretária, porque a carta não é para a secretária, é para o gerente; agora se disser: esta circular é para o colégio Maria Auxiliadora, o colégio Maria Auxiliadora é o único que está na posição de receber e obedecer essa circular; o mesmo acontece com o Apocalipse, que é a culminação da revelação da Bíblia. Se você não a receber como igreja com todos seus irmãos em sua localidade, não vai poder receber, você sozinho não é igreja para receber; precisamos ser igreja para poder estar na posição de receber a revelação. A revelação é enviada do trono de Deus às Igrejas; o Espírito, ao tratar com as Igrejas locais, trata com todas as Igrejas. Aqui não diz que esta carta é para tal missionário tal, fulano de tal, ou aquele teólogo, não; é para a igreja, para a igreja aqui, para a igreja ali, para a igreja em qualquer parte, mas para a igreja em seu lugar, para a igreja em sua localidade; a  revelação é para eles ; é como se fosse uma carta que nos chegou do céu, mas quem tem direito de abrir essa carta? Só a igreja na localidade, porque a quem foi enviada? A quem fala o Espírito? Não pense que o Espírito fala só com você. É quando estamos como igreja que ouvimos o falar do Espírito; coisas que você não entende, quando ouve a seus irmãos, entende, porque o Espírito fala com as Igrejas; a promessa de que as portas do Hades não prevalecerão contra a igreja, é à igreja; a igreja é a depositária da revelação de Deus, à igreja é a quem entrega a mensagem. A mensagem de Apocalipse e de toda a Bíblia, é principalmente para as Igrejas; claro que cada pessoa individual, pode receber um pouquinho, mas a plenitude, somente na comunhão da igreja. Irmãos, já são nove horas,  paramos no versículo 4.


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